Distrito Federal, Minas Gerais, Acre, Paraná e Goiás concentram os maiores coeficientes de incidência de dengue no país, que ao todo registrou 555.583 casos prováveis da doença, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do governo federal, divulgado no último sábado (17). Somente no estado de São Paulo são mais de 90 mil pessoas que podem ter sido contaminadas pelo Aedes aegypti.


Mais uma vez vamos passar por todo aquele processo que já estamos cansados de saber: agentes de saúde nas ruas e nas casas das pessoas, governos e prefeituras organizando campanhas informativas, a imprensa cobrindo os números de casos e óbitos e a população que combina quem leva a sério o chamado e quem não está nem aí para a água parada e os lotes malcuidados.


Há ainda a parte científica em andamento, ou seja, vários estudos de nobres cientistas brasileiros, que fazem um trabalho magnífico na tentativa de combater a proliferação do mosquito, com algum sucesso, mas nada ainda vultuoso. Uma das pesquisas, inclusive, completou uma década há pouco.


As autoridades de saúde estão tão assustadas com a inclinação da linha que contabiliza os casos em tão pouco espaço de tempo, a ponto de o secretário de estado de Saúde de Minas afirmar que “este será o pior ano da dengue da nossa história”, disse em coletiva, na sexta-feira (16).


A japonesa Qdenga, segunda vacina aprovada pela Vigilância Sanitária (Anvisa) – a primeira foi a francesa Dengvaxia, mas além de mais cara –, tem três doses e é destinada apenas a quem já teve dengue pelo menos uma vez, terá quantidade restrita no Brasil e, por isso, tem sido fornecida lentamente pelo Ministério da Saúde.


Embora a vacina tenha sido incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro do ano passado, é bem provável que o calendário vacinal não seja totalmente coberto até o final deste ano. Mesmo porque, são necessárias duas doses da vacina, com intervalo de três meses entre uma e outra para que ela surta efeito. E os casos estão crescendo exponencialmente agora. Não há mais tempo.


Além disso, os infectologistas afirmam que a contaminação pode ocorrer entre três a 10 dias e, diante do carnaval, que acabou há menos de uma semana (tem gente ainda se despedindo da folia) na maior parte do país, a previsão dos especialistas é que as próximas semanas sejam de intenso contágio, já que os foliões podem ter sido infectados sem que nem tenham percebido durante a festança.


Vários estados estão em alerta. Diante desse cenário, é fundamental ficarmos atentos aos sinais da doença, como febre alta de início repentino, dor nas articulações e atrás dos olhos, apatia, náusea, falta de apetite e manchas espalhadas pelo corpo. Caso sejam registrados dois ou mais sintomas, procure o médico. Não deixe a dengue tomar conta.


Em breve, saberemos como o mosquito vai se comportar. De resto, as águas de março estão próximas e as altas temperaturas se mantêm, combinação perfeita para que novos criadouros de Aedes aegypti se formem.

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