Presente na vida das pessoas como produto de primeira necessidade, a tecnologia se desdobra em uma diversidade de itens e ocupa posições variadas nas atividades do cotidiano. Independentemente da faixa etária, a dependência e o uso aumentam em ritmo acelerado, acompanhando a velocidade das inovações. A geração Alpha, considerada a primeira 100% nativa digital, está totalmente mergulhada nos aspectos positivos e negativos da alta exposição a esses recursos.
Com pessoas nascidas a partir de 2010, essa parcela da população percebe e conhece o mundo por meio das telas. São crianças e adolescentes que, extremamente estimulados, têm à disposição um universo de possibilidades. Ao mesmo tempo, estão expostos aos efeitos e riscos que os múltiplos contatos virtuais apresentam.
Na educação, a tecnologia vem auxiliando os processos de ensino e de aprendizagem desses estudantes. O acesso rápido à informação, a facilidade de se “aproximar” de outras culturas e a utilização em atividades pedagógicas beneficiam os alunos. Mas eles também ficam mais distanciados das interações com outras pessoas, o que pode comprometer o desenvolvimento emocional. O contato desde cedo com o mundo virtual vem afastando as experiências reais, como as frustrações.
Para a geração conectada, os desafios são diferentes das que vieram antes e precisaram se adaptar. Inserida no digital, a classe Alpha precisa lidar com as mudanças nas relações, desenvolver consciência do tempo de uso das telas e, especialmente, aprender a avaliar a aplicação ética das tecnologias. Além disso, encontrar equilíbrio entre o avanço tecnológico e a preservação dos recursos naturais é uma questão crucial que ronda essas crianças e adolescentes.
A proteção e a garantia da privacidade são outros pontos relevantes. Com agilidade para encontrar soluções nas redes, esse público vira alvo de perigo na mesma velocidade. Modelos mais seguros de navegação e de controle por parte dos adultos são fundamentais para assegurar a segurança dos menores. Nesse pacote de medidas, é preciso aprimorar sempre os limites da publicidade que pode atingir esse público via plataformas virtuais, já que nessa idade a deficiência de julgamento e a falta de experiência são fatos.
Os responsáveis parentais da geração Alpha precisam estar preparados para enfrentar as consequências da alta conectividade e da Inteligência Artificial (IA), principalmente os efeitos físicos, emocionais, psicológicos e morais.
Um maior comprometimento das empresas do setor, por sua vez, deve ser avaliado. O investimento em meios para deixar o ambiente virtual apropriado para essa faixa etária é um tema que entra nesse debate. Aprofundar a discussão, definindo obrigações, é uma atitude que a sociedade precisa ter.
A transição de gerações em ritmo cada vez mais rápido, resultado da era da internet, exige pensamento crítico. Hoje, é essencial educar para o consumo em tempo digital, explicando aos jovens que as ferramentas tecnológicas não são neutras e podem conter armadilhas. A atuação legislativa também é parte importante desse processo de atenção ao alcance da web na vida de crianças e adolescentes.
As conexões são amplas e profundas – analisar o impacto que podem provocar é um dever a ser cumprido globalmente. Apesar de os recortes geracionais não serem exatos, os nascidos recentemente estão ligados ao virtual e a sociedade precisa estabelecer o ambiente adequado a essa realidade.