A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) resultou na manutenção da taxa de juros no patamar atual de 10,5% ao ano. A decisão já era aguardada pelo mercado, dada a atual conjuntura internacional, que ainda mantém os juros em patamares mais elevados ao redor do globo e o crescimento vertiginoso do dólar, superando a cotação de R$ 5,40 em junho. O ciclo de cortes de juros que o Brasil estava vivenciando teve de ser freado.


Esta medida do Copom também segue em linha com a conjuntura política que assola o Brasil hoje. O país vive uma insegurança jurídica e uma insegurança política. Nas estatais, vemos muitas mudanças nos cargos de presidência ou conselhos.


Além disso, no próximo ano, a atual liderança presente no Banco Central, conduzida por Roberto Campos Neto, será substituída, gerando mais insegurança ainda no mercado. Todos esses fatores diminuem a qualidade de investimento do Brasil na visão do mercado, resultando em mais saída de dinheiro local e uma maior desvalorização da moeda.


Outro ponto nacional a se atentar é referente ao descontrole das contas públicas e o cenário fiscal. O governo não demonstra certo domínio em relação às entradas e saídas de recursos, resultando no aumento discrepante de cargas tributárias e criação de polêmicas, como a “PEC das blusinhas”.


Além disso, também vemos algumas sinalizações perigosas por parte deste governo como o anseio por mudanças tributárias drásticas e fundamentais, como a cobrança de impostos sobre dividendos ou até mesmo o desvio de lucro das estatais para projetos de desenvolvimento social.


Mas não para por aí, por cima de tudo isso vemos sinais de intervenção artificial em preços de produtos na economia (arroz, combustíveis etc.) e a criação de isenções tributárias para setores específicos da economia, ações essas que historicamente já se revelaram viciosas e prejudiciais a toda a nação.


Em uma rápida análise, é possível perceber que no ano que vem o PIB será negativo caso nenhuma medida contrária seja aprovada. Além disso, para segurar a desvalorização do real, segurar o câmbio, os juros poderão entrar em curva de aceleração, visando conter também a inflação e que as contas públicas fiquem ainda mais no vermelho.


A situação que vemos hoje no Brasil é similar à de um “cobertor curto”, quando se puxa demais, descobre e esfria. A equipe econômica à frente do Ministério da Fazenda tem sérios desafios pela frente. O cenário internacional segue incerto.


A mudança da direção do Banco Central também é uma incerteza e gera “calafrios” para o mercado. Dois nomes seguem no radar, o governo brasileiro vê com bons olhos o nome do diretor Gabriel Galípolo como sucessor de Campos Neto; já a cúpula do PT flerta com o economista André Lara Resende, segundo fontes do Estadão/Broadcast.


O que nos resta é aguardar o que irá acontecer nos próximos capítulos. Saída de Campos Neto, possível nomeado do governo à frente do Banco Central, seguirão com uma política monetária alinhada com as melhores práticas da economia ou levarão as diretrizes econômicas mais a par dos ideais sociais do governo?

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