Agosto chegou e, com ele, a campanha conhecida como Agosto Dourado – uma forma de conscientizar as pessoas sobre a importância do aleitamento materno. A data completa 34 anos e foi um esforço da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Unicef, para ser implementada. O dourado é justamente para simbolizar o padrão ouro da alimentação infantil, no caso, o leite materno.


Dessa parceria, foi gerado um relatório – Declaração de Innocenti –, além da fundação da Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação. No Brasil, a Lei n.º 13.435, de 2017, reforça as ações em prol da saúde e do bem-estar do bebê. Segundo o Ministério da Saúde, o leite materno reduz em 13% o risco de morte nos primeiros anos de vida do bebê. No caso da mãe, a amamentação ajuda na recuperação pós-parto e reduz o risco de certas doenças, como câncer de mama e ovário.


Ainda assim, falar em leite materno no Brasil e no mundo está muito distante do que preconiza a OMS. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) mostram que, em todo o planeta, apenas 44% das crianças são amamentadas de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida. Nas Américas, esse índice não chega a 38%, e somente 32% das crianças continuam sendo amamentadas até os dois anos. No que diz respeito aos países da América Latina e do Caribe, na primeira hora de vida do bebê – primordial para sua sobrevivência – menos da metade dos bebês (48%) é alimentada.


A boa notícia é que o Brasil é reconhecido mundialmente por seu programa de doação de leite humano, investindo, mais especificamente, em bebês prematuros ou de baixo peso (menos de 2,5kg). Atualmente, a cada ano, 330 mil crianças brasileiras nascem prematuras e dependem dos bancos de doação de leite para receber os principais nutrientes nessa fase. Esses bebês representam aproximadamente 11% do total de todos os nascimentos por ano, no Brasil, que chegam a 3 milhões.


Portanto, aumentar os índices de aleitamento materno, pelo menos dentro dos parâmetros mundiais indicados, é mais que urgente. Como parte dos objetivos da Agenda 2030, a expectativa é alcançar uma taxa de 70% de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida ou, a curto prazo, 50% até 2025.


Aos desafios numéricos, somam-se ainda questões que afetam a sociedade brasileira como um todo. Embora a amamentação seja um gesto valoroso e extremamente benéfico para mãe e filho, é importante pontuar que as mulheres ainda enfrentam dificuldades que passam pelo próprio ato de amamentar. Dores e lesões por conta da sucção muitas vezes requerem cuidados médicos. Algumas mães também sofrem com o formato dos mamilos, além de possíveis infecções.


É fato também que as mulheres ainda estão sujeitas a lidar com a pressão social que a sociedade impõe a elas quando o assunto é o aleitamento materno. Muitas se sentem obrigadas a amamentar seus bebês, superando dores severas e nem sempre estando aptas, por questões de saúde. Enfim, os problemas persistem. Ainda há muito o que avançar.