A finitude da vida é inevitável. Condições sociais, econômicas, raça, cor e poder não blindam ninguém da morte. Ela chega para todos, desde o mais pobre até o mais rico. Mas os avanços da ciência e da medicina permitem, por meio do transplante de órgãos, recuperar a saúde dos que sofrem com a falência de algum deles, cuja função é indispensável para continuarem vivos.


Hoje, o Brasil ocupa a segunda posição no mundo em número de transplantes, atrás dos Estados Unidos. Um bom exemplo vem do Distrito Federal, onde cresce o número de transplantes, permitindo alongar o tempo de vida das pessoas que necessitam dessa intervenção para recuperar a saúde. Nacionalmente, a capital da República ocupa o segundo lugar em número de transplante renal, de medula e córnea, e o primeiro em coração e fígado.


No ano passado, na capital da República, foram realizados 839 procedimentos e, nos primeiros seis meses deste ano, 456. Mantido o atual ritmo, a expectativa é de um recorde de transplantes no Distrito Federal. Minas Gerais, nos primeiros nove meses do ano passado, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), realizou 1.435 transplantes, sendo 557 de rim, 138 de fígado, 60 de coração, 11 de pâncreas e rim, 6 de pâncreas, e 663 de córnea. São Paulo foi o estado que mais fez transplantes de órgãos — 7,2 mil —, o que representou um aumento de 7% na comparação com 2022, e o maior número dos últimos seis anos.


De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 2023 foi no extraordinário, com taxas de doação e transplante superiores aos de anos anteriores. O relatório da instituição mostrou que foram recorde as taxas de doadores e transplantes de fígado, coração, córneas e células hepáticas. Desde o fim da pandemia de COVID-19, 2023, a taxa de procedimentos de córneas (78,8 em cada 1 milhão) foi a melhor do que as registradas em anos anteriores.


Para o Ministério da Saúde, o resultado do ano passado foi o melhor da última década, com 29.261 transplantes. Porém, no primeiro semestre deste ano, ocorreu uma queda nas doações (4%) e nos procedimentos cirúrgicos, o que frustrou a expectativa de alcançar taxas superiores às do ano anterior.


No próximo mês, o Ministério da Saúde deverá lançar mais uma edição da campanha Setembro Verde, criada pela Lei nº 15.463/2014, a fim de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, cujo dia nacional é 27 de setembro. Por mais incongruente que pareça, tanto na vida quanto na morte é possível adiar o encontro com finitude da vida de um igual. Basta um gesto honroso de solidariedade com os que sofrem com o colapso da função de um elemento do seu corpo. É também uma forma de manter o elo de afeto com o ente querido que se foi, mas que permanecerá vivo não só na saudade e na lembrança, mas por ter salvo uma vida, ainda que a tenha perdido.