O Distrito Federal, onde a umidade relativa do ar chegou a 7%, e mais 15 estados estão em alerta de perigo devido ao calor e à baixa umidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet): Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de partes de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite ideal é em torno de 60%.


Nesses estados, há também uma onda de incêndios provocada pela baixa umidade relativa do ar, que deve permanecer abaixo de 20%, e por ações criminosas, motivadas por interesses políticos e econômicos. Além do negacionismo em relação ao aquecimento global, de parte da maioria dos políticos, carvoeiros, pecuaristas e grileiros aproveitam-se da ocasião para “limpar o terreno”.


Os incêndios ocorrem não apenas no Pantanal e na Amazônia e regiões de proteção ambiental próximas desses estados. Em Minas Gerais, as autoridades ambientais alertam que as regiões do Triângulo, Noroeste, Oeste e Sul do estado estão em situação de perigo. No Mato Grosso do Sul, a umidade deve baixar a até 8%, e grandes incêndios florestais ainda ocorrem. Um alerta de risco elevado em São Paulo foi renovado pela Defesa Civil do estado, principalmente nas regiões Norte, Noroeste e Oeste, que continuarão com o tempo seco e sem chuvas.


As autoridades recomendam à população tomar muito líquido, evitar atividades físicas e não ficar em exposição ao Sol nos horários mais quentes. A hidratação da pele, dos lábios e dos olhos também é muito importante. Em muitas cidades, a fuligem provocada pela fumaça dos incêndios agrava as condições sanitárias decorrentes da baixa umidade. Nesses casos, recomenda-se ainda o uso de máscaras.


Entretanto, essas são providências individuais, capazes de mitigar os efeitos da baixa umidade e do calor, mas que não enfrentam as causas do aquecimento global e dos incêndios. Mesmo as louváveis providências locais para amenizar o sofrimento da população, como a distribuição de água, são insuficientes diante da escala adquirida pelo problema. O desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa precisam ser enfrentados efetivamente, no Brasil e no mundo. É uma questão de sobrevivência e segurança.


A COP-30, prevista para 2025, em Belém do Pará, será uma oportunidade de voltar a debater a estratégia global de combate ao aquecimento global e a transição da economia do carbono para a economia verde. O Brasil é protagonista desse debate, mas não pode liderar apenas pela palavra da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que, recentemente, advertiu que o Pantanal, daqui a 100 anos, poderá não mais existir se tudo continuar sendo feito como até agora.


É preciso liderar pelo exemplo, pela prática. Nesse aspecto, os governos federal e estaduais ainda são insuficientes. Não basta ter e preservar a melhor legislação ambiental do planeta, que sofre permanente ataque dos negacionistas no Congresso. Precisa-se ter investimentos na área ambiental e planos de contingência com capacidade de pronta resposta para coibir o desmatamento, enfrentar os desastres naturais e combater as ações de grupos criminosos. Muito vem sendo feito, mas os fatos mostram que é preciso mais.