A violência no trânsito brasileiro é um problema que afeta milhares de pessoas todos os anos. Seja nas metrópoles ou nas cidades de médio e pequeno portes, as ocorrências marcam famílias pelo país. No lançamento de campanha de conscientização, o Ministério dos Transportes, que monitora as mortes e as internações no trânsito, divulgou dados mostrando que, em 2022, 34 mil pessoas perderam a vida no território nacional em razão de acidentes. Segundo as informações do órgão, foram contabilizadas ainda 212 mil internações, gerando um custo total de R$ 350 milhões para o setor.


As causas da violência no trânsito são diversas. Entre elas, se destacam o investimento limitado em infraestrutura viária, a falta de respeito dos motoristas e a impunidade para quem comete infrações e crimes na direção.


O comportamento que coloca em risco a segurança e a integridade física dos próprios condutores, além de passageiros, pedestres e demais usuários das vias públicas, é determinante para os números elevados.


A atenção para a gravidade do problema tem que partir de cada agente do processo, começando com a consciência que cada indivíduo precisa ter sobre a responsabilidade de fazer a sua parte para garantir um deslocamento seguro para todos – em áreas urbanas ou nas estradas. O combate à “direção distraída” – provocada principalmente pelo uso dos aparelhos celulares – é um desafio da atualidade.


Os governos também precisam cumprir seu papel. Pistas bem sinalizadas e iluminadas, espaços adequados para pedestres e ciclistas, campanhas de educação e orientação que disseminem boas práticas, fiscalização efetiva, transporte público de qualidade e acessível são ações essenciais.


A adoção de tecnologias, tanto para os veículos particulares quanto para os sistemas coletivos, é outra saída para atacar o quadro assustador de mortos e feridos. O monitoramento das frotas também precisa ser considerado em um cenário de controle de riscos.


Várias medidas devem ser combinadas e aplicadas de forma coordenada, envolvendo poder público, empresas, instituições, organizações e a sociedade. A mudança de cultura para um trânsito seguro requer esforços persistentes e contínuos, além de inovação para superar os obstáculos que se colocam nesse caminho.


Da mesma forma que a prevenção de doenças, a importância da vacinação e os cuidados com o bem-estar das pessoas, é fundamental ter uma circulação de veículos que provoque cada vez menos óbitos e ferimentos e, assim, deixe de sobrecarregar o sistema de saúde.


Em sua Agenda 2030, a Organização das Nações Unidas (ONU) coloca aos países a meta de diminuir pela metade as ocorrências de mortes e lesões. No Brasil, atingir essa recomendação vai exigir muito empenho e projetos capazes de dar resultados eficientes em curto prazo.


É inaceitável que os brasileiros sigam sendo vítimas de um sofrimento evitável. O respeito às leis e o investimento necessário nas vias não são opções, mas, sim, deveres a serem cumpridos.


Acabar com a violência envolvendo o tráfego é um objetivo complexo e que exige ações integradas em diferentes níveis, partindo da educação até chegar à infraestrutura ideal. Porém, o país não pode ficar parado diante dessa situação, que causa dor e prejuízo financeiro. É preciso reconhecer os problemas e agir de forma acelerada para diminuir progressivamente a perda de vidas no trânsito.