Em 2024, celebramos o 122º aniversário do saudoso presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Nasceu em Diamantina/MG, no dia 12 de setembro de 1902.

O menino Nonô perdeu o pai ainda na infância, fulminado por grave moléstia pulmonar. A mãe, Dona Júlia, era dedicada professora. Lutava com imensas dificuldades para criar os dois filhos, Nonô e Naná (Maria da Conceição, nascida em 1901).

Como o menino fosse estudioso e ambicionasse uma formação superior, a mãe conseguiu matriculá-lo no Seminário de Diamantina. Teve a honradez de declarar ao bispo diocesano, na ocasião, que o garoto não seguiria a carreira sacerdotal. Apenas necessitava do aprendizado de qualidade, para alçar voos mais altos.

Assim feito, JK concluiu os estudos fundamentais no seminário e partiu para Belo Horizonte. Aprovado em concurso, trabalhava como telegrafista, durante a noite, nos Correios e Telégrafos. Estudava Medicina com afinco no período diurno, em tempo integral.

Formado, especializou-se em urologia na Faculdade de Medicina de Paris (França). De volta ao Brasil, tornou-se oficial médico da Polícia Militar. Travou amizade com o governador mineiro Benedito Valadares, por quem foi nomeado prefeito de Belo Horizonte, em 1940. Realizou uma modernizadora e eficiente gestão na capital mineira.

Elegeu-se posteriormente governador do Estado (1950) e presidente da República (1955). Seus direitos políticos foram cassados pelo Regime Militar instaurado em 1964. Não mais os recuperou até falecer em trágico acidente automobilístico, no dia 22 de agosto de 1976. Contava 73 anos de idade.

Afonso Arinos de Melo Franco afirmou que Juscelino destoava da “prudência, bom senso e equilíbrio mineiros, tão falados” Cláudio Bojunga, “JK - O artista do impossível”, 2001, p. 26-27). De fato, o menino Nonô, tornado presidente da República, adotou o lema de avançar 50 anos em 5. Dentre outros feitos, construiu Brasília, a nova capital federal; abriu rodovias país afora; fomentou a indústria, notadamente a automobilística; e criou a Sudene, para aplacar as agruras da seca nos sertões nordestinos.

Acima de tudo, foi um estadista democrata. Enfrentou, durante o mandato presidencial, duas tentativas reais de golpe militar, as rebeliões de Aragarças e Jacareacanga. Cioso do respeito aos postulados da democracia e das liberdades fundamentais, após reprimidos os levantes promoveu a anistia dos revoltosos. Era preciso paz e ordem, com liberdade plena, para o Brasil avançar.

Por fim, recordo a emblemática frase do presidente Juscelino: “Deus poupou-me do sentimento do medo”. É o seu grande legado.

Não podemos ter medo de ser livres; de fazer cumprir a Constituição da República; de lutar pela harmonia e independência entre os poderes; de respeitar as opiniões alheias, sobretudo quando divergentes das nossas; de erradicar o mal da corrupção; e de unir toda a Nação em torno de propósitos genuinamente democráticos, éticos e desenvolvimentistas.

Assim seja.


Rogério Medeiros Garcia de Lima

Desembargador e 3º vice-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais