Leandro Ranucci
Professor e coordenador na UniCesumar nos cursos EAD de Engenharia Ambiental e Sanitária, Ciências Biológicas, Bem-Estar Animal e Gestão Ambiental. Também é especialista em Biologia de Animais Selvagens, além de mestre e doutor em Genética e Melhoramento
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um cenário alarmante de devastação ambiental que ameaça a saúde de seus biomas e, consequentemente, o futuro do planeta. Apesar de uma aparente melhoria em alguns indicadores, a realidade é que a situação continua crítica, com incêndios florestais e desmatamento colocando em risco a biodiversidade e o clima do país.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ano de 2023 viu uma redução de 22,3% na taxa de desmatamento da Amazônia em comparação com o ano anterior. Contudo, essa redução não foi suficiente para reverter o impacto devastador do desmatamento. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, a região perdeu 9.001 km² de vegetação. A situação no Cerrado também é alarmante: 11.012 km² de vegetação nativa foram destruídos, com maior incidência nos estados do Maranhão, Tocantins, Bahia e Piauí.
O desmatamento não é mais o único responsável pela degradação dos biomas brasileiros. As queimadas, exacerbadas pela seca e por práticas humanas irresponsáveis, como a renovação de pastos e a extração de madeira, têm contribuído significativamente para a destruição ambiental. Essas queimadas não apenas reduzem a vegetação, mas também liberam grandes quantidades de CO2 na atmosfera, agravando o desequilíbrio no efeito estufa e contribuindo para as mudanças climáticas.
Ainda de acordo com o Inpe, a situação no Pantanal é particularmente preocupante. Em 2023, foram registrados mais de 6.580 focos de queimadas, e o cenário de 2024 não é melhor. Apenas em agosto, o bioma enfrentou 3.845 focos de incêndio, representando um aumento chocante de 3.707% em comparação ao mesmo período do ano anterior, que teve 101 focos. Esse aumento dramático evidencia a intensificação das queimadas e a falta de controle efetivo sobre a situação.
A Mata Atlântica, com apenas 12,4% de sua área original preservada, concentra aproximadamente 72% da população brasileira e enfrenta uma crise grave. Em agosto de 2024, foram registrados 68.635 focos de queimada, uma quantidade alarmante que destaca a necessidade urgente de intervenção. Os dados mais recentes mostram que, no dia 6 de setembro de 2024, o Brasil registrou 2.758 focos de incêndio em apenas 24 horas. A Amazônia lidera com 1.558 focos, seguida pelo Cerrado com 811, a Caatinga com 188, a Mata Atlântica com 168, o Pantanal com 28 e o Pampa com 5. O Mato Grosso destaca-se como o estado mais afetado, com 933 focos de incêndio.
Especialistas apontam que a combinação de desmatamento acelerado, queimadas e mudanças climáticas está criando um ciclo destrutivo que pode levar a irreversíveis consequências ambientais. A perda de vegetação compromete a capacidade dos biomas de absorver carbono e regular o clima, enquanto as queimadas aumentam a emissão de gases de efeito estufa e a degradação do solo.
Diante deste cenário, é imperativo que o Brasil adote medidas eficazes para combater a degradação ambiental. Isso inclui o fortalecimento das leis ambientais, o aumento da fiscalização e a implementação de políticas públicas que incentivem a preservação e o manejo sustentável dos recursos naturais. A sociedade civil, o setor privado e o governo precisam unir esforços para garantir um futuro sustentável para o país e para o planeta.
O Brasil está em uma encruzilhada crítica. As decisões que tomarmos hoje determinarão a saúde de nossos biomas e o bem-estar das futuras gerações. A ação imediata é não apenas necessária, mas crucial para garantir que nossos recursos naturais sejam preservados e protegidos para posteridade.