Parte do noticiário internacional nas últimas semanas se volta ao escândalo que envolve o rapper Sean Combs, conhecido como Puff Daddy ou P. Diddy. Magnata nascido no Harlem, em Nova York, o artista pode ser condenado a cerca de 25 anos de prisão por diversas acusações, como tráfico sexual, associação ilícita e promoção de prostituição, além de agressão contra sua ex-namorada, a também cantora Cassie Ventura.


Por sua fama, Diddy era bem relacionado no mundo das celebridades. Em 2001, namorou com a atriz e cantora Jennifer Lopez. Descobriu e lançou nomes como Usher e Notorious B.I.G., por meio de sua gravadora, a Bad Boy Records. Sempre teve relação próxima com o também rapper Jay-Z e com a modelo Naomi Campbell. A Forbes estima que o artista que estampa as capas policiais, atualmente preso em Nova York diante das acusações, tenha uma fortuna de aproximadamente US$ 1 bilhão, cerca de R$ 5,4 bilhões na cotação atual.


Junto com o escândalo, que por si só já tem conteúdo suficiente para estampar as páginas midiáticas por semanas diante de sua repercussão, surgiu na internet uma onda de teorias que ligam Sean Combs a outros famosos – e com elas novos crimes são atribuídos a ele. Não é necessária muita habilidade com as redes sociais para se deparar com conteúdos do tipo, boa parte deles produzida por influenciadores.


Pela própria fama do acusado e sua proximidade com nomes históricos do mundo da arte, essas teorias são carregadas de achismos e “supostas ligações”, que pelo próprio adjetivo que as acompanha não deveriam ser tema de vídeos de quem tem pouco a oferecer. Na verdade, essas pessoas só querem aproveitar a repercussão do caso para ganhar dinheiro fácil, a partir do alcance nas redes sociais.


Trata-se de mais um desserviço prestado por parte significativa dos chamados influenciadores, que vivem da audiência pela audiência, sem qualquer apuração do que é ou não verdade. São os mesmos que propagam, todos os dias, falsas vantagens de “investimentos em casas de apostas”, prometendo grandes lucros para uma audiência que, muitas vezes, é enganada e compromete até mesmo recursos de programas sociais nos cassinos digitais.


Casos como os de Sean Combs são complexos por si só. Em primeiro lugar, por conta do próprio poder que circunda o acusado. Como bilionário e influente no mundo da música, Diddy conseguiu, por muito tempo, acobertar as denúncias. Além do mais, vale sempre lembrar que homens em posição de destaque tendem a calar suas vítimas, que veem pouca possibilidade de serem ouvidas numa queda de braço bastante desequilibrada. Escândalos sexuais com estrelas de Hollywood, como o produtor Harvey Weinstein e o ator Kevin Spacey, por exemplo, só chegaram às autoridades após anos de repetidos crimes.


Diante das dificuldades que envolvem escândalos com pessoas poderosas, em nada ajuda quem prefere tomar o rumo da especulação para criar narrativas ainda em investigação ou totalmente falsas. É preciso que o consumidor desse tipo de conteúdo também faça sua curadoria. A pessoa que fala sobre aquele assunto realmente tem credibilidade para informar sobre ele? Aquele influenciador de fato tem capacidade técnica de “separar o joio do trigo”, destacando aquilo que é verdade daquilo que não é?


Ainda assim, é preciso discutir como, mais uma vez, o machismo se impõe no mundo da arte. É bem verdade que essa esfera da sociedade só reflete os problemas manifestados em todos os grupos sociais, uma vez que a violência contra a mulher não tem idade, cor ou condição financeira. Ainda assim, o ódio entre aqueles com mais poder é de difícil detecção, contornado por máscaras revestidas e costuradas pela idolatria.