Na próxima década, especificamente em 2035, teremos um aumento de 27% no número absoluto de casos de câncer de mama em todo o mundo. As estatísticas não param por aqui. Além de ser o tipo mais comum em 157 países, o câncer de mama representa três em cada 10 casos da doença nas mulheres brasileiras. Em 2025, a projeção é de 73.610 novos casos e, em 2035, 2,9 milhões de registros no planeta. Quanto ao número de óbitos, passará de 666 mil anualmente para 888 mil – o que corresponde a um crescimento de 33% em pouco mais de uma década.

Representantes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) demonstram preocupação quanto às estatísticas desafiadoras e reforçam a importância da campanha Outubro Rosa para a conscientização sobre a doença. Se muitas questões mudaram no que se refere aos avanços tecnológicos e na capacidade de adaptação do ser humano frente a uma série de enfermidades, as recomendações de oncologistas e outros profissionais da saúde são basicamente as mesmas e se resumem em uma palavra: prevenção – seja ela primária (evitar que a doença ocorra, por exemplo, com adoção de estilo de vida saudável); secundária (diagnóstico precoce); e terciária (início do tratamento em prazo adequado, com qualidade).

Portanto, a estratégia passa pela dieta equilibrada, prática frequente de atividade física, redução e manutenção do peso, moderação no consumo de bebidas alcoólicas e não fumar. É importante destacar que o autoexame deixou de ser um indicador robusto para o câncer de mama, o que não significa que não deve ser feito. No entanto, deixou de ser recomendado em países mais desenvolvidos há mais de 10 anos por não ser capaz de descobrir tumores de até 1 centímetro. O medo dos médicos é que, ao se autoapalpar e não identificar nenhuma alteração, a mulher deixe de procurar os exames preventivos.

Ainda que o diagnóstico precoce seja “meio caminho andado” para a remissão da doença, reduzindo assim os impactos físico, emocional e financeiro das pacientes e suas famílias, cada vez mais é possível melhorar alguns parâmetros médicos, como o tempo e a qualidade de vida das mulheres que descobrem o câncer de mama em estágio avançado.

Vale lembrar também que nem só as mulheres são diagnosticadas com câncer de mama. Cerca de 0,5% a 1% dos casos ocorrem em homens, o que corresponde a um caso em homem a cada 100 a 200 casos em mulheres.

A boa notícia é que as pessoas diagnosticadas com câncer no Brasil, e aqui inclui-se grande parte de todos os tipos da doença, é que o Sistema Único de Saúde (SUS) funciona no que diz respeito ao atendimento gratuito aos pacientes assistidos nas capitais e cidades-polo. É claro que pacientes com tumores mais raros, que exigem aportes financeiro e médico maiores, ainda lutam judicialmente para obter o tratamento, mas isso não tira o mérito do trabalho desenvolvido pela rede pública de saúde, mas é preciso que o poder público ofereça mais condições para que as recomendações feitas pelos profissionais de saúde façam, de fato, parte do cotidiano da população brasileira. Aumentar o investimento no atendimento básico, o principal lugar das medidas preventivas, é o caminho.

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