Quando pensamos em câncer, geralmente atrelamos a doença a imagens pesadas, de pessoas doentes. Muitos se constrangem até em dizer a palavra câncer. Com o próximo mês batendo à porta, o Dezembro Laranja trata de um câncer relativamente comum e, talvez por isso mesmo, negligenciado pela maioria da sociedade.


O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil, correspondendo a mais de 30% do total de casos de todos os cânceres registrados no país e pode ocorrer em todos os tipos de pele e em qualquer idade. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 185 mil novos casos surgem no país todos os anos e, como não poderia deixar de ser, os raios solares são os grandes responsáveis pelos efeitos danosos à pele.


Mesmo que produza vitamina D (que normalmente se apresenta em níveis abaixo da referência nos seres humanos), caso a exposição seja diária e em horários adequados (antes das 10h e após as 16h), e seja positiva em lesões como psoríase, a luz solar também pode ser muito maléfica tanto em termos de doenças como na formação de rugas (fotoenvelhecimento), alergias e agravamento de lesões cutâneas.
Vale lembrar também que as queimaduras solares são associadas ao dobro do risco de desenvolver melanoma. Os especialistas costumam comparar as queimaduras solares aos prejuízos causados pelo tabagismo, por serem cumulativos.


Um dos maiores equívocos é não levar a sério o câncer de pele, ou melhor, o cuidado com a pele na mesma proporção que outros órgãos, como o coração ou os rins, mesmo a pele sendo o maior órgão do corpo humano, correspondendo a 16% do peso corporal. Aliado a isso, com o passar dos anos, é cada vez maior a quantidade de raios ultravioleta que chega à superfície da Terra – fenômeno decorrente do esgotamento da camada protetora de ozônio. É essa camada que bloqueia grande parte desses raios. Sem ela, é cada vez maior a chance da incidência de câncer de pele.


Somos um país tropical, litorâneo, onde o sol incide diretamente. Se antes a qualidade dos protetores solares não era das melhores, com pouca oferta de tipos e marcas, hoje temos à mão produtos específicos para cada tipo de pele, com índices de proteção adequados e que garantem até mesmo proteção contra níveis de raios UV nos horários de pico, ou seja, entre 10h e 16h. Para quem exagerou, há ainda produtos com efeitos antioxidantes e calmantes que reduzem os efeitos negativos do sol.


No entanto, ainda é ínfima a quantidade de pessoas que se preocupa com a própria pele ou até mesmo em fazer uma espécie de checape dermatológico, antes de marcar uma viagem de férias para a praia ou passar o fim de semana na piscina de um clube. Na maioria das vezes, o dermatologista é acionado quando há alguma lesão, alergia ou incômodo. Enfim, são medidas simples que, postas em prática, evitariam milhares de casos de câncer de pele ou até mesmo mortes provocadas pela doença grave.