O ano letivo se encerra e os estudantes só querem pensar em férias. Mas, para os educadores e os gestores do ensino no Brasil os desafios são tantos que nunca é tempo de descanso. Diante das desigualdades e das necessidades de avanços, o país precisa constantemente estar à mesa avaliando alternativas em busca de atingir as metas de melhorias.


Para se igualar à atual fase de modelo de educação 5.0 que várias nações do mundo já vivem, as escolas brasileiras têm muito a desenvolver. Nas salas de aulas, ainda é distante o objetivo da integração entre tecnologia, inovação e humanização de uma forma que priorize as habilidades e competências essenciais nos dias vigentes. Formar cidadãos capazes de resolver problemas, apresentar respostas e colaborar em atividades diversificadas não é tarefa simples na realidade nacional.


As características da educação 5.0 transformam as instituições educacionais, seguindo as demandas impostas pela sociedade. A tecnologia, a participação ativa do aluno e o ensino socioemocional são fundamentos essenciais nos conteúdos que apostam nesse método. Porém, exigem investimentos amplos em pessoal, estrutura e equipamentos, o que não se percebe da maneira ideal na rede pública no Brasil.


Os autores acadêmicos caracterizam a educação 4.0 a partir do uso intensivo da tecnologia, com a aplicação das ferramentas digitais em seus processos pedagógicos e de gestão. Agora, a classificação aplicada quer tirar o estudante da posição de agente passivo para colocá-lo no centro do exercício da aprendizagem. Além disso, devido à alta disseminação de informações disponíveis na internet, o foco conteudista perde espaço. A proposta que vale neste momento é trabalhar o aprendizado despertando o pensamento crítico nas crianças, adolescentes e jovens.


A abordagem mais humanizada e centrada no aluno, combinada à utilização das ofertas digitais, se coloca como a melhor alternativa para possibilitar o desenvolvimento das potencialidades de cada um que está diante do professor. Esse agente, portanto, precisa estar preparado para dar o suporte adequado do ponto de vista ético e do conhecimento operacional das tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA), internet das coisas e algoritmos. Pelo país, no entanto, a falta de capacitação dos docentes é uma questão histórica que segue sem solução.


Outra constatação que compromete a educação 5.0 e que está apontada no Censo Escolar 2023 diz respeito à presença da internet. Segundo o levantamento, o percentual de escolas públicas de ensino fundamental com acesso à rede era de 88,5%. No entanto, apenas 62,1% utilizavam o recurso nos processos de aprendizagem. Resultado: milhares de alunos do ciclo inicial ficavam privados do contato com a internet dentro da sala de aula.


O país precisa decidir sua posição na formação dos estudantes que serão os próximos profissionais do mercado. A formação contínua dos educadores e o investimento em estrutura são demandas primordiais. Os professores têm inúmeras opções pedagógicas e estratégicas para ensinar suas disciplinas com a ajuda da tecnologia, podendo monitorar melhor a jornada educacional e o engajamento dos alunos. Os discentes, por sua vez, podem descobrir um universo de alternativas, potencializando autonomia, criatividade e pensamento crítico. Mas, para isso, o Brasil precisa cumprir seu papel e garantir as condições adequadas às instituições educacionais. 

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