A temporada de viagens pelo Brasil está aberta e com expectativas elevadas. Segundo levantamento inédito feito pelo Ministério do Turismo (MTur) e pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, mais de 35% da população planeja se deslocar a lazer até fevereiro de 2025. São 59 milhões de pessoas determinadas a aproveitar a estação quente, que começou em dezembro. Ótima notícia, mas que não significa que o setor e os aspectos ao seu entorno estejam totalmente estabelecidos.


No período, a estimativa é de injeção de R$ 148,3 bilhões na economia nacional, considerando o gasto médio de R$ 2.514 declarado pelos entrevistados. Esse valor representa um aumento de 34% em relação ao verão anterior, ainda conforme a pesquisa. A vontade de viajar faz com que as dificuldades, entre elas a precariedade nas estradas, sejam superadas. Os números apresentados confirmam o imenso potencial turístico local, mas isso não pode ser motivo de acomodação para os agentes públicos e privados da área.


A infraestrutura precária é um dos principais desafios do turismo no país. Dentro desse pacote, uma questão crucial que precisa de soluções urgentes está relacionada às opções de transporte. Investir em aeroportos, trens, ônibus e outros modais, além de modernizar o que já existe, é medida que não pode parar. Também há espaço para avanços na logística. No caso aéreo, por exemplo, a distribuição dos voos, inúmeras vezes, encarece e torna o trajeto mais demorado que o necessário. Nos deslocamentos terrestres, estradas ruins e, principalmente, vidas sob risco em rodovias sem segurança são problemas crônicos a serem superados.


Além dos obstáculos do caminho, ainda há o entrave no que diz respeito à baixa qualidade na prestação de alguns serviços. A profissionalização em determinados segmentos e até mesmo a oferta da rede hoteleira deixam a desejar em algumas situações. Deficiências que podem ser corrigidas com programas de treinamento e investimento, mas que necessitam de iniciativas duradouras e não somente em períodos de alta procura.


Se o cenário é propício, conforme indica o Mtur, gestores e empresários precisam aproveitar a oportunidade para transformar o momento em prática constante, ampliando horizontes de quem vive aqui – e, com isso, ficando também cada vez mais preparados para receber o público estrangeiro. Mar, rio, cachoeira, floresta, montanha, sertão, cerrado, planalto, aventura, arte, história, tradição, gastronomia e cultura são atrativos espalhados por todo o território brasileiro. Com belezas naturais e atrações que sempre superam as expectativas, motivações não faltam para fazer as malas.


Incentivar a maior circulação das pessoas por lazer é produtivo para a economia, e os dados das viagens a passeio no país indicam uma fase de quebra de recordes e bons resultados, convergindo para um momento propício de tomada de decisão. Direcionar políticas públicas de maneira assertiva – a partir da melhoria da infraestrutura turística, da qualificação profissional e da promoção dos destinos – é fundamental para o desenvolvimento do setor.