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Melhorar as estradas de Minas é urgência nacional

Os contratos com as concessionárias precisam ser muito bem desenhados, para que as melhorias e manutenções nas vias sejam constantes

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Foi com uma boa dose de esperança que recebemos o anúncio das melhorias, por meio de concessão à iniciativa privada, da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares. É um otimismo cauteloso, por certo, pois foram vários os presidentes da República que já prometeram concluir essas obras na via federal – uma das que provoca mais acidentes e mortes no Brasil – e nenhum conseguiu. No final das contas, tem prevalecido a frustração dos mineiros com esses compromissos nunca cumpridos. A BR-381 é apenas um símbolo maior desse descaso mais amplo. A verdade é que apesar da importância viária do estado, a interligar diferentes regiões do Brasil, as estradas que passam por Minas Gerais ainda estão em condições piores do que a média brasileira.

A última pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) sobre a condição das rodovias no Brasil analisou 111,8 mil quilômetros de vias federais e estaduais. Dessas, 15,6 mil em Minas. Com relação ao estado geral das rodovias nacionais, 5,8% estão em péssimo estado; 20,8% em estado ruim; 40,4%, regular; 25,5% em bom estado; e 7,5% em ótima situação.

Porém, os números de Minas Gerais estão abaixo da média nacional: 7,8% estão em péssimo estado; 28,6% em estado ruim; 40,2%, regular; 20,6% em bom estado e apenas 2,8% em ótima situação. É possível até alegar que, por ser o estado com a topografia mais sinuosa do Brasil, logo, mais difícil construir e conservar, Minas Gerais tem mais dificuldade em preservar suas vias. Mas frente à nossa importância tanto para a integração como para a economia brasileira – assim como para a segurança de nossos viajantes – esses índices deveriam ser melhores.

Num momento em que as máquinas administrativas – tanto federal como estaduais – estão com os caixas cada vez mais comprometidos com as despesas obrigatórias (saúde, educação, pagamento de funcionários), tem faltado recursos para investir nos chamados gastos discricionários, como obras e investimentos. A concessão à iniciativa privada, portanto, é uma saída viável para nossas estradas se tornarem mais trafegáveis.

De acordo com a mesma CNT, se analisarmos apenas as rodovias já concedidas em Minas Gerais os índices ruim e péssimo somam 4,8%; regular chega 41,9%. Já o ótimo e bom atinge 53,3%. No caso das rodovias ainda com gestão pública os índices são expressivamente piores: nada mais nada menos de que 11,5% em péssimo estado; 40,9% ruim; 39,3% em estado razoável; 8,3% em bom estado e 0% em estado excelente.

Ou seja, é preciso negar os fatos para dizer que conceder estradas não melhora o nível das vias. Claro, existe o valor dos pedágios – o custo que se paga com a concessão. Mas muitas vezes o desenvolvimento econômico que uma via em boa qualidade traz para a região, além de questões como segurança e trafegabilidade, costumam compensar os custos – tanto aqui no Brasil como no resto do mundo. Para isso os contratos com as concessionários precisam ser muito bem desenhados, para que as melhorias e manutenções nas vias sejam constantes.

O governo federal concedeu, novamente a BR-040, de Juiz de Fora até o Distrito Federal, e de Betim até o Triângulo Mineiro, na BR-262. São vias também fundamentais para a prosperidade do estado. Os números oficiais falam de R$ 30 bilhões em investimentos. Claro que precisamos apoiar a iniciativa. Mas comemorar de vez é quando os índices de qualidade das rodovias mineiras fizerem justiça à importância de nosso estado. Muito trabalho ainda precisa ser feito.

CASSIO SOARES

Economista, deputado estadual e presidente do PSD-MG

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