Pacientes diagnosticados com doenças crônicas exigem atenção especializada para ter um mínimo de qualidade de vida. De acordo com o Ministério da Saúde, pelo menos 1,2 milhão de pessoas em todo o Brasil têm uma ou mais patologias crônicas e aqui incluem-se diabetes, obesidade, Alzheimer, doença renal crônica, lúpus e fibromialgia – somente para listar as mais frequentes.
Embora sejam condições complexas e bastante diversas tanto na forma de diagnóstico quanto na abordagem terapêutica, em comum as doenças crônicas – como o próprio nome diz – duram um longo período de tempo ou até mesmo tornam-se perenes, sem cura definitiva. Grande parte dos pacientes nessas condições lida com alguma incapacitação, o que não significa que não possa ter uma vida longeva.
Em 2024 houve aumento de 8% nos diagnósticos precoces de doenças autoimunes e neurodegenerativas em comparação ao ano anterior. No entanto, a rede pública engatinha no que tange ao atendimento a esses pacientes crônicos. Em alguns casos, solicitar determinados exames ainda não é uma prática comum dos médicos durante o checape de rotina, o que, se fosse feito, evitaria, em parte, os diagnósticos tardios, contendo, assim, a evolução da doença para estágios mais graves.
Vale destacar que, além das enfermidades crônicas, em se tratando de doenças raras de natureza metabólica, genética ou infecciosa, as iniciativas ainda são muito escassas no que se refere ao Sistema Único de Saúde (SUS). E não estamos falando aqui de doenças diagnosticadas no fim da vida, mas de patologias que poderiam ser detectadas nos primeiros dias de vida do bebê. É o caso do teste do pezinho, oferecido na rede pública.
Embora a Lei 14.154/21 esteja em vigor desde 2023 – estendendo para mais de 50 o número de doenças que poderão ser rastreadas pelo teste do pezinho feito pelo SUS –, a ampliação será de forma escalonada, dividida em cinco etapas. Por enquanto, a etapa 1 envolve apenas sete doenças, entre as quais: fenilcetonúria, doença falciforme, fibrose cística, entre outras deficiências. O Distrito Federal desponta como um dos poucos a oferecer o teste para 62 doenças. Minas Gerais avançou na questão, anunciando em dezembro último a ampliação de 23 para 60 doenças triadas pelo Programa de Triagem Neonatal (PTN-MG), mas há estados, como é o caso do Piauí, em que a cobertura não chega a 70% e para um espectro de apenas seis doenças.
Fato é que a receita continua muito parecida quando o assunto é saúde da população, só falta ser colocada em prática: investimento em saúde pública, priorizadade a políticas que incentivem o diagnóstico precoce, interação entre sociedade civil, entidades de saúde e poder público, ampliação do acesso a tratamentos que favoreçam a autonomia de pacientes que já sofrem com essas doenças. Só assim estaremos atuando na prevenção, minimizando os números e dando mais qualidade de vida a essas pessoas.