O alto custo de uma vida saudável
Pesquisa mostra que o brasileiro se interessa por alimentos e bebidas que oferecem benefícios à saúde, mas os preços altos se tornam um obstáculo ao consumo
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Siga noO brasileiro está preocupado com a qualidade do que consome nas refeições, mas esbarra na questão do preço dos alimentos. Entre 2 mil pessoas das classes A, B e C de todo o país ouvidas pela MindMiners no levantamento “Do prato ao copo: como os brasileiros tomam suas decisões no consumo de alimentos e bebidas?”, 61% afirmaram que têm evitado comprar algum produto devido ao impacto no bolso.
Esse incômodo (totalmente justificável) com a alta dos preços tem sido atribuído pelo próprio governo e seus aliados como principal fator para a queda na popularidade da gestão Lula. Dados de pesquisa Datafolha divulgados há uma semana mostram que o indicador despencou e chegou ao nível mais baixo de todos os mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A aprovação caiu de 35% para 24% em dois meses; e a reprovação seguiu trajetória inversa: subiu de 34% para 41%.
Medidas para conter a elevação dos preços e aliviar o custo de vida têm sido anunciadas, claramente como ações para reverter essa má impressão. Foi o caso da decisão, no início do mês, de zerar a alíquota de importação de nove produtos alimentícios, entre eles carne, açúcar, café, azeite, milho, biscoitos e massas e, nesta semana, o projeto apresentado para isentar do Imposto de Renda as pessoas que recebem até R$ 5 mil mensais.
Mas o consumidor não pode esperar. Com os preços nas alturas, os brasileiros estão repensando a maneira de comprar, especialmente no que diz respeito à carne vermelha. Voltando ao levantamento da MindMiners, ao responder à pergunta “O que você tem evitado comprar devido ao preço elevado?”, o top 5 é, nesta ordem, carnes, queijo e laticínios, azeite, bebidas alcoólicas e refrigerante.
E o ovo, muitas vezes opção como substituto da carne, também não traz alívio às despesas domésticas. Ao contrário. Vários fatores podem ter contribuído para a alta da proteína, como questões climáticas, que afetaram a produção, o aumento da demanda, o preço de insumos (milho e farelo de soja, que compõem 80% da ração das galinhas, em média), e, por fim, a Quaresma, fazendo com que o ovo subisse, no atacado, mais de 40% em fevereiro em diversas regiões produtoras, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea - Esalq/USP), tornando-se o mair aumento do segmento de alimentação e bebidas. Atualmente, a dúzia de ovos brancos fica entre R$ 15 e R$ 19.
A boa notícia apontada pela MindMiners é o interesse dos brasileiros por produtos que oferecem benefícios à imunidade – 32% dos respondentes buscam itens que auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico e 26% desejam opções que ajudem no controle ou na manutenção do peso. Mais detalhadamente, o levantamento revelou que 25% preferem alimentos e bebidas que proporcionem mais energia e disposição no dia a dia; 24% valorizam produtos que contribuam para o foco e a saúde mental; e 22% se preocupam com a proteção da saúde cardiovascular.
Mas aí, de novo, esbarram na questão dos preços. O principal obstáculo apontado para o consumo de alimentos e bebidas saudáveis é o custo. Metade dos entrevistados respondeu assim, seguido pela dificuldade de mudar hábitos antigos (41%).