EDITORIAL

País deve agir contra sarampo

O Brasil precisa reiterar sua tradição de país comprometido com a vacinação, de modo a intensificar o enfrentamento à ameaça sanitária

Publicidade

O surgimento de um caso de sarampo no Distrito Federal reforça o alerta sobre a necessidade imperiosa de atualizar o cartão de vacinação. Enquanto especialistas advertem da periculosidade da doença, muito mais transmissível do que a Covid-19, a população ainda está desatenta quanto à importância de se proteger de uma enfermidade que pode matar ou provocar sequelas graves, como cegueira. Ao abrir mão da tríplice viral, imunizante que está disponível há décadas nos serviços de saúde, o brasileiro se esquece de um ditado tão antigo quanto verdadeiro: é melhor prevenir do que remediar.

Segundo informações da Secretaria de Saúde do DF, o caso registrado na última semana se denomina “importado”. O paciente é uma mulher, entre 30 e 39 anos, que teria contraído a enfermidade em viagem internacional. Manchas vermelhas pelo corpo - sinal característico do sarampo - surgiram três dias após os primeiros sintomas. Segundo a literatura médica, outras manifestações comuns são febre alta, coriza, irritação nos olhos, tosse seca e mal-estar intenso. Um trabalho de vigilância para identificar possível transmissão local tem sido mantido pelas autoridades brasilienses. Segundo o Ministério da Saúde, há três casos confirmados de sarampo no Brasil, todos importados. Outros 60 estão sob investigação.

A ameaça epidemiológica remete a um problema grave de saúde pública: a baixa imunização. Essa situação tornou-se dramática especialmente na pandemia de Covid-19, em particular em 2021, quando negacionistas de ocasião - a começar pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro - colocavam em dúvida os benefícios da vacina contra o coronavírus. O imunizante foi essencial para o país vencer a guerra contra a Covid-19, mas 700 mil brasileiros pereceram na batalha. O número de vítimas poderia ter sido significativamente menor se houvesse mais consciência e espírito público.

Nos últimos anos, a evolução do sarampo no Brasil retrata bem por que a prevenção é essencial. Após ser reconhecido, em 2016, como livre do sarampo, o país voltou a apresentar casos a partir de 2018, por causa de um surto na Venezuela, somado a um enfraquecimento na cobertura vacinal. Em 2019, mais de 21 mil casos foram registrados, em um cenário comparável somente aos anos 1990. O quadro foi revertido somente em 2024, quando o Brasil reconquistou o título de país imune à doença viral.

Apesar dos avanços, a imunização precisa ser reforçada. Segundo nota técnica do Ministério da Saúde, o Brasil alcançou a meta de 95% de cobertura vacinal para a primeira dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), mas ainda abaixo do recomendado para a segunda dose.

É importante ressaltar que a ameaça da doença viral se constitui um fenômeno global. Em 2024, houve 334 mil ocorrências registradas em todas as regiões do planeta - um aumento de 6,3% em relação a 2023. África, Ásia Central e Europa concentram a maioria dos casos. Nas Américas, em 2025, o controle epidemiológico dedica atenção ao surgimento de sarampo na Argentina, nos Estados Unidos e no Canadá.

Está claro, pois, que o Brasil precisa reiterar sua tradição de país comprometido com a vacinação, de modo a intensificar o enfrentamento à ameaça sanitária. Essa missão não cabe apenas ao governo, mas também à sociedade.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay