Editorial

União contra o avanço do crime

Não existem soluções fáceis nem bala de prata para resolver o grave problema da segurança pública no Brasil

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Como poucas vezes se viu, o brasileiro está com muito medo. Medo de sair de casa. Medo de ir ao trabalho e não voltar. Medo de usar o telefone celular em espaço público. Medo de parar no semáforo com o vidro do carro aberto. Medo de ficar no fogo cruzado entre policiais e bandidos. Medo de ser vítima de furto, assalto, estupro e toda sorte de crimes e golpes. No litoral ou no interior, nas grandes ou médias cidades, independentemente se o governo é de esquerda ou de direita, o fato é incontestável: o Brasil está vulnerável ao crime.


O receio crescente do cidadão com a criminalidade pôde ser comprovado na semana passada, com a divulgação de pesquisa de opinião da Genial/Quaest. Segundo o levantamento, 29% dos brasileiros consideram a violência o problema mais grave enfrentado pelo país em 2025. Esse índice está muita acima de outras preocupações da população, como questões sociais (23%), economia (19%), saúde (12%), corrupção (10%) e educação (7%). Pesquisas anteriores realizadas pela Quaest indicam um salto do item violência nos maiores temores dos brasileiros, passando de 10% em dezembro de 2023 para os índices publicados na quarta-feira.


O sentimento da população é consequência direta do avanço das facções criminosas. As conexões estabelecidas por esses grupos estão cada vez mais capilarizadas. As atividades ilícitas se encontram em franca diversificação, ultrapassando inclusive as fronteiras nacionais. Há situações graves nas regiões Norte e Nordeste. No Sudeste, as maiores cidades do país enfrentam um cotidiano dramático, com cidadãos sendo executados por assaltantes em plena luz do dia.


O problema da segurança pública no Brasil tem sido alvo de intenso debate político, com avanços lentos. Na terça-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pretende apresentar ao Congresso Nacional a chamada PEC da Segurança. Entre outras medidas, a proposta sistematiza e permite o compartilhamento de informações das forças de segurança e dá mais poder de polícia às Guardas Municipais. Apesar da iniciativa do governo Lula, é certo que o projeto enfrentará resistência no Parlamento, onde a bancada da bala e forças conservadoras advogam uma linha dura contra o crime.


No debate sobre o combate à violência, é preciso encontrar um equilíbrio na polarização. De um lado, há aqueles que defendem uma atuação mais contundente das forças policiais, com inevitáveis “perdas” durante o combate. É a linha defendida por governadores como Wilson Witzel antes de sofrer impeachment no Rio de Janeiro e os atuais incumbentes Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas. De outro, reivindica-se um esforço na bandeira defendida por Lewandowski, com mais cooperação entre as forças de segurança a fim de garantir respostas mais eficientes no combate à criminalidade. Acrescente-se a essa lista de urgências o maior investimento no trabalho de inteligência, a fim de evitar que operações policiais se tornem um derramamento de sangue inocente e um pesadelo para milhares de pessoas nas áreas das grandes cidades dominadas pelo crime organizado.


Não existem soluções fáceis nem bala de prata para resolver o grave problema da segurança pública no Brasil. Mas é incontestável que os poderes públicos precisam unir esforços para combater o flagelo da violência, que afeta todas as camadas da população brasileira. Responsabilidade, cooperação e políticas de Estado são pré-requisitos para neutralizar o avanço de facções criminosas, que estão dispostas a ir às últimas consequências para intimidar cidadãos e autoridades. Como detentor das forças de segurança, é dever do Estado se organizar para derrotar esse inimigo.

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