EDITORIAL

A urgência que vem das estradas

Desafogar as estradas não é a solução para acabar com os desastres, porém pode significar a diminuição do perigo

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O mês de abril está na metade, mas já é candidato a figurar entre os mais sangrentos de 2025 nas estradas brasileiras. Pelas rodovias federais e estaduais, as ocorrências vão se somando e escancaram a dimensão do problema que o país precisa enfrentar: tão grande quanto o seu próprio território. O impacto das tragédias é devastador, provocando sofrimento e traumas às vítimas e familiares, além de causar altos custos monetários para a sociedade.

Apenas com um breve panorama – sem levantamento oficial –, os casos neste mês assustam. Na última sexta-feira, na BR-040, altura de Curvelo, em Minas Gerais, três pessoas perderam a vida em uma colisão frontal entre um coletivo e um carro. Ainda nas rodovias mineiras, dias antes, o tombamento de um ônibus, na MG-223, vitimou 11 passageiros e feriu 36. Na BR-101, altura de Florianópolis, em Santa Catarina, 21 carros e três carretas foram incendiadas após um caminhão com etanol tombar e explodir, no dia 6, desencadeando um cenário de terror – por milagre, os ocupantes dos automóveis conseguiram escapar das chamas.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no ano passado foram registrados 73.121 acidentes, resultando em 84.489 feridos e 6.160 mortos. Isso significa que 16 pessoas morreram diariamente nas BRs em 2024. Esse número é 10% maior em relação ao apresentado pela PRF em 2023. As perdas humanas são irreparáveis e, junto à dor, há o ônus que afeta a saúde e a economia. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e da Houer Concessões, os registros em pistas federais custaram R$ 22,3 bilhões ao Brasil em 2023.

O desafio nacional não é novidade e precisa mobilizar os setores de saúde, infraestrutura e outros. A circulação de mercadorias, especialmente estabelecida pelo modal rodoviário, tem de ser repensada, visto que fora a questão dos fretes e demais gastos incorporados há a enorme ocorrência de eventos trágicos envolvendo veículos de carga. Fortalecer o transporte ferroviário é uma saída segura e eficiente, com potencial para dar conta de garantir o desenvolvimento socioeconômico – e sem os elevados riscos de mortes em acidentes.

Fato é que o Brasil não pode desprezar essa alternativa. Ao contrário: deve fomentar a ampliação dos trilhos pelo país. O Plano Nacional de Ferrovias, que determina a concessão de cinco empreendimentos à iniciativa privada, é um exemplo da negligência com o tema. Com quase 5 mil quilômetros de novas ferrovias e um investimento previsto de aproximadamente R$ 100 bilhões, o projeto está parado no papel – o lançamento, previsto para fevereiro, não aconteceu.

Viabilizar a operação dos trens pelo território brasileiro, respeitando as questões ambientais, é complexo, mas as dificuldades não podem impedir o processo. O governo federal e os investidores de vulto, entre eles os que produzem em grande escala, dão sinais de caminharem na direção do aumento da malha ferroviária, só que é preciso avançar em uma velocidade maior. Desafogar as estradas não é a solução para acabar com os desastres, porém pode significar a diminuição do perigo. Com a produção circulando dentro dos trens e as demais medidas necessárias sendo adotadas, é possível que a estatística de acidentes seja reduzida. O que não se pode mais suportar é que o Brasil mantenha tantas famílias destruídas pela realidade mortal das rodovias.

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