editorial

Um novo tipo de diabetes

Mais um desafio para comunidade médica, pesquisadores e poder público. É preciso unir forças para conhecer melhor a nova classificação

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Não bastasse sermos o sexto país com o maior número de casos de diabetes no mundo – foram 16,6 milhões de brasileiros em 2024 – e terceiro em se tratando do tipo 1, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu oficialmente, na semana passada, uma nova forma de classificação da doença. O diabetes tipo 5 (até então eram somente quatro tipos) é associado a um dos fenômenos mais característicos dos países de baixa renda ou em vias de desenvolvimento: a desnutrição. Ainda que o tipo 5 da doença tenha sido descrito pela primeira vez há quase 70 anos, ainda é subnotificado e pouco compreendido.


E os números não param por aí. A IDF divulgou o Atlas de Diabetes em seu congresso mundial, em Bangcoc, na Tailândia, demonstrando o crescimento da doença nos cinco continentes: 589 milhões de adultos, com idades entre 20 e 79 anos, vivem com diabetes atualmente, o que corresponde a uma a cada nove pessoas.


O impacto nos governos é robusto. Ainda que o Brasil tenha programas como o Sistema Único de Saúde (SUS), Farmácia Popular e Prevenção de Diabetes, nos últimos 17 anos, a doença e suas implicações causaram pelo menos US$ 1 trilhão em gastos com saúde, um aumento de 338% durante esse período, de acordo com o Atlas.


Segundo os especialistas, o diabetes tipo 5 geralmente afeta pessoas abaixo dos 30 anos, com muito baixo peso (índice de massa corporal igual ou menor a 19), extremamente magros e com deficiências nutricionais crônicas – ao contrário do diabetes tipo 2, comumente ligado ao excesso de peso, ao alto consumo de ultraprocessados e ao sedentarismo, além de ser mais frequente em adultos acima de 35, 40 anos. De acordo com a IDF, atinge mais homens do que mulheres, especialmente aqueles que vivem em áreas rurais, onde o diagnóstico é mais limitado.


Por outro lado, se assemelha ao tipo 1 – por afetar jovens e pessoas mais magras –, podendo até ser confundida com ele, mas devido à desnutrição está relacionado à menor formação de células no pâncreas e não pela destruição da produção de insulina pelo pâncreas. No entanto, até o momento os médicos desconhecem o mecanismo exato da doença, além de dados oficiais que atestem sua prevalência, já que muitos casos podem ter sido equivocadamente classificados como diabetes tipo 1.


Fato é que a reversão da nova diabetes ainda é nebulosa, porque não há experiências clínicas em pacientes diagnosticados com o tipo 5. Além disso, dizem os médicos, apenas a reposição de insulina não é suficiente para reverter o quadro, que, se não for tratado adequadamente, pode elevar o risco de complicações como cegueira, amputações e doenças renais. Mais um desafio para comunidade médica, pesquisadores e poder público. É preciso unir forças para conhecer melhor essa nova classificação e saber lidar com ela, para multiplicar as informações sobre alertas e cuidados.


A boa notícia é que a IDF anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai, nos próximos dois anos, elaborar diretrizes terapêuticas específicas de diagnóstico e tratamento para essa forma de diabetes. Isso fará com que o paciente receba um atendimento adequado e tenha mais qualidade de vida. 

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