Estudantes e famílias da Escola Balão Vermelho no Projeto Giroletras de incentivo à literatura -  (crédito: Divulgação/ Escola Balão Vermelho)

Estudantes e famílias da Escola Balão Vermelho no Projeto Giroletras de incentivo à literatura

crédito: Divulgação/ Escola Balão Vermelho

Por Simone Gomes Pereira - Diretora Pedagógica

Conforme destacado no relatório da UNESCO, a convivência será o maior desafio enfrentado pela sociedade do século XXI. Embora pareça uma tarefa simples, aprender a conviver não acontece naturalmente, afinal demanda esforço, negociação e consenso. Na Escola Balão Vermelho, por exemplo, acredita-se que uma das funções da escola é formar sujeitos preparados para desenvolver a competência de aprender a conviver. E toda a comunidade precisa ter clareza dessa intenção para que haja um entendimento das ações e escolhas pedagógicas integradas ao currículo escolar.

A escola é a instituição mais poderosa para realizar essa desafiadora tarefa, por ser o espaço do coletivo e do encontro. Enquanto no ambiente familiar estamos expostos a um conjunto de crenças, atitudes e bens psicológicos acordados pela família, na escola, a diversidade de pensamentos sobre as formas de ser e existir no mundo se apresenta fortemente. Portanto, é um lugar de negociação e conflito.

A via mais potente de resolver os conflitos é o diálogo. A palavra é o principal caminho para construir uma educação voltada para a convivência. O espaço escolar mediado pela palavra é fundamental para que os alunos aprendam a ouvir o outro e expressar suas ideias de maneira construtiva, ou seja, a se comunicar de forma respeitosa. Há muitas propostas pedagógicas que ajudam nesse aprendizado. As rodas de conversas e assembleias, por exemplo, possibilitam a troca de experiências, o avanço no entendimento mútuo e a construção de consensos, com o propósito de desenvolver a empatia e a tolerância. Os trabalhos em grupo e os projetos colaborativos entre os estudantes também são ações positivas porque favorecem a construção de um clima escolar no qual há a presença de negociação, cooperação e solidariedade.

Para que crianças e jovens tenham essa formação de forma efetiva, é fundamental que as famílias estejam abertas e engajadas em utilizar esses princípios no tratamento de situações de conflito que envolvem seus(suas) filhos(as). É importante superar a ideia de que "bateu levou" é uma resposta válida para resolver problemas. A comunidade como um todo deve compreender que não é possível superar a violência com violência. É preciso construir espaços de convivência nos quais vibram situações que nos ajudam a sentir que avançamos em direção a uma versão melhor de nós mesmos.

Escolas e famílias precisam estar juntas, sustentando um pacto a respeito das escolhas de caminhos rumo a um projeto educativo que dê às crianças e adolescentes ferramentas para enfrentar e transformar positivamente a sociedade na qual vivemos.