As festas populares na visão de Lélia Gonzalez
“Festas populares no Brasil”, único livro publicado em vida por Lélia Gonzalez em que ela assina sozinha como autora e que estava fora de circulação, ganha edição da Boitempo. Na obra, a antropóloga, ativista, feminista, militante antirracista, professora e filósofa mineira escreve sobre o carnaval, festas juninas, bumba meu boi, cavalhadas, congada, reisados, fandangos, folias de reis e outras manifestações populares.
A nova edição inclui mais de 100 imagens dos fotógrafos Januário Garcia, Leila Jinkings, Marcel Gautherot, Maureen Bisilliat e Walter Firmo. Em São Paulo, o lançamento ocorreu na última quarta-feira na abertura da exposição “Lélia em nós: festas populares e amefricanidade”, no Sesc Vila Mariana.
Lançado pela primeira vez em 1987 em edição bilíngue português-inglês, o livro ficou restrito a um brinde de fim de ano, com uma tiragem de três mil exemplares. Nele, Lélia Gonzalez (1935-1994) apresenta a um público leigo algumas das mais importantes festividades nacionais. Na nova edição de “Festas populares no Brasil”, a Boitempo incluiu o texto “A presença negra na cultura brasileira”, escrito por Lélia e publicado no Jornal da Galeria de Arte Moderna (1977), em que trata especificamente da criação da Escola onde ministrou um curso sobre culturas negras, em 1976.
Com 176 páginas, o livro custa R$ 83,00 (brochura) e R$ 139 (capa dura). Vale lembrar o que a professora e filósofa norte-americana Angela Davis falou sobre a importância do trabalho da brasileira: “Aprendi mais com Lélia Gonzalez do que vocês, aqui do Brasil, jamais aprenderão comigo. Ela estava escrevendo sobre interseccionalidade antes mesmo de o termo existir. Ela nos convocou a desenvolver novas identidades políticas. Creio que nós, dos Estados Unidos, deveríamos aprender com essa tradição vibrante do feminismo negro brasileiro.”
“Lélia Gonzalez ousou falar sobre nosso povo pelo lado de dentro, como protagonista, não como objeto de estudo. Ousou apontar a importância fundamental das mulheres negras para a criação e a manutenção dos terreiros e das escolas de samba como territórios de resistência. Lélia se tornou referência porque seu pensamento era absolutamente singular e ecoava em cada um e cada uma de nós, negros e negras, que vivíamos e ainda vivemos, no dia a dia, o que ela conceituou.”
Leci Brandão (foto), em texto incluído na nova edição de “Festas populares no Brasil”
A chegada de Ricardo Aleixo à Academia
“A AML não mora no passado, como alguns poucos até agora insistem em acreditar. Pelo contrário. Ela é instituição em trânsito permanente entre distintas temporalidades, certa de que esta é a forma mais eficaz para compreender os fenômenos da Cultura. Porosa e permeável ao jogo da vida, às suas surpresas e aos seus lances mais inusitados, a Academia mostra cada vez mais a ginga necessária para continuar atenta e forte, cumprindo o seu papel com entusiasmo, e, ainda, propondo pautas inéditas, inventando outros futuros (...).
Vem para junto de nós um artista ao mesmo tempo sofisticado e popular, apto a comunicar-se com públicos de distintas bagagens e interesses, numa poética democrática e ética. Um artista denso e profundo, sem deixar de lado a irreverência, o humor, a ironia, o riso e a brincadeira. Um artista cuja existência está radicalmente tomada, há quase cinco décadas, pelo firme compromisso com a Arte e, em especial, com a Poesia e com o mistério da Linguagem.”
Rogério Faria Tavares, presidente emérito da Academia Mineira de Letras, no discurso de recepção a Ricardo Aleixo, novo ocupante da cadeira de nº 31 da AML.
Lançamentos em julho
• Eloésio Paulo e Marcos de Carvalho autografam “Os bugíadas”, terceiro volume de “uaicais”, no dia 4 de julho no restaurante Feijão (sobreloja do Edifício Maletta).
• No mesmo dia 4/7, quinta-feira, Tatiana Salem Levy (foto) vem a BH lançar “Melhor não contar” (Todavia) na Livraria da Rua, em bate-papo com Carla Madeira.
• “O fundo invisível da Lagoa”, de Rafaela S. Polanczyk, será lançado pela editora Literíssima, de Leida Reis, na Biblioteca Municipal de BH no dia 12 de julho .