O novo livro de Isabela Noronha

Depois do ótimo “Resta um” (2015), a mineira Isabela Noronha (foto) lança o segundo romance na próxima terça-feira em BH. “Carlabê”, também publicado pela Companhia das letras, será o tema da conversa de Isabela com Afonso Borges no projeto Sempre Um Papo, às 19h30, no Teatro José Aparecido de Oliveira (Praça da Liberdade).“Uma obra literária carrega sempre, em potencial, missões intrínsecas ao ato de criar, entre elas, a abertura para o novo, para aquilo que sempre esteve lá e no que ninguém tinha prestado atenção antes. Em ‘Carlabê’, novo livro de Isabela, esse encontro com o inesperado se dá em cena – começamos a história no meio de uma conversa – e pela linguagem, que abraça sons e ruídos do ambiente, fazendo da cidade também um personagem”, afirma Afonso. Jornalista e mestre em escrita criativa pela Universidade Brunel, na Inglaterra, Isabela Noronha é autora ainda do livro infantil “Adeus é para super-heróis”, ganhador do Prêmio Barco a Vapor de 2013.

 

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Leia um trecho de 'Carlabê'

Capa do livro "Carlabê"

Reprodução

“Vou pegar a sua água. Você quer mesmo? Está com essa sede toda ou era só uma desculpa para vir aqui em cima? Apurar os fatos? Você não acreditou em mim. [risos]. Eu conheço [tosse], conheço os expedientes todos. Captei você no ato, jovem. Reconheço um igual. Você é de que veículo? Tem que dizer antes de fazer perguntas. Falar o nome, o jornal, de [sirene, inaudível]. Não estou falando só por mim. Para dona Ó, por exemplo, você se identificou? Se não, deveria ter se identificado. [***] Como quem é, Dona Ó, aquela senhora com quem você falava. [***] Isso, a vizinha. [tosse, tosse] Eu vi vocês conversando logo antes de você vir para cá. Acha que eu sou tonta? Senti alguma coisa ali no fim do papo, na maneira como ela me olhou, ela me viu chegando, me viu primeiro do que você. Me viu, se virou para você e falou [ônibus, inaudível], insinuou que eu sei de alguma coisa, talvez, hã? Deu essa impressão. Aquela lá vai poder dizer mais, não foi isso que ela te falou? Mais ou menos? Hein? [***] Algo [tosse, tosse], algo assim? Me conte, jovem. Dessa maneira a gente começa esse jogo do mesmo lado do campo. Já estamos, porque, veja, eu sou jornalista, eu fui. Conheço os expedientes todos, te disse. Foi dona Ó que te falou o nome? [***] O nome dela [tosse], da minha [tosse, tosse], da minha [***] Isso, da jovem que morava [sirene, ininteligível]. Como você sabia o nome? Ei? Está me ouvindo? Ei. Ei. Você me ouve ou quer apenas olhar lá para baixo? O corpo segue coberto, segue imóvel, sem alma, tão vazio quanto este apartamento, não se iluda.”

 

 

Aline Bei

divulgação

Sobre a potência de Aline e Natalia

 

 

Natalia Timerman

dIVULGAÇÃO

“Aline Bei e Natalia Timerman integram o potente conjunto de escritoras que, nos últimos anos, tem contribuído fortemente para renovar a literatura brasileira contemporânea. Na diversidade de temas, na experimentação de linguagens e no protagonismo reservado àspersonagens femininas - o que por si só representa uma lógica narrativa que contraria todo um padrão cultivado secularmente nas letras nacionais -, dezenas de autoras estão provocando um arejamento inédito na produção ficcional, com notável qualidade. Figuras de proa desse tsunami literário, Aline e Natalia enfrentam com coragem e domínio técnico questões complexas como o desamparo afetivo, o esgarçamento das relações familiares, a solidão que advém de escolhas difíceis (como aquelas relativas à maternidade e à sexualidade, entre outras) e o luto que vem de perdas irreparáveis. Os livros de ambas trafegam pelas frestas de uma sociedade indócil, movediça, frágil. O olhar que disseca a condição humana é devastador, ainda que haja um delicado equilíbrio entre a crueza e a delicadeza. A vida não é leve, mas pulsa com intensidade, e é esta pulsação que torna tão fascinante a arquitetura literária que estas autoras nos oferecem em seus livros, cada uma à sua maneira. É este frescor, essa vitalidade e a permanente prontidão para enfrentar com palavras uma vastidão de sentimentos perturbadores que as trazem ao Letra em Cena.”

José Eduardo Gonçalves, curador e apresentador do projeto Letra em Cena, sobre as escritoras Aline Bei (“O peso do pássaro morto”, “Pequena coreografia do adeus”) e Natalia Timerman (“Copo vazio”, “As pequenas chances”), que participam na próxima terça-feira do projeto, no teatro do Centro Cultural Unimed, em BH.

 



 

Os nomes de José Domingos Coelho

O livro “Os nomes das substâncias do dia", de José Domingos Coelho, será lançado neste sábado na Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi). No romance, o autor, mineiro de Barbacena, narra diferentes estágios da vida de seus personagens busca reflexões a partir de fatos marcantes de suas criações. O lançamento é da editora Mondru e os autógrafos vão das 11h às 14h.

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