“Um vulcão nunca dorme”, garante Veronica Stigger, que mistura diferentes gêneros e formatos narrativos em seu novo livro, “Krakatoa” (Todavia). Com lançamento neste sábado em Belo Horizonte, é o mais recente trabalho da autora de “Sul” (2016) e “Sombrio ermo turvo” (2019). “É uma obra transgênero, atravessada por personagens telúricos e cósmicos, elementares: a terra e o sol, o fogo e a água, o vento e a tempestade, o carvão e o petróleo, o pântano, o tsunami”, afirma, na apresentação, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.
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No lançamento, a partir das 11h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274), haverá leitura especial de trechos da obra, acompanhada por uma sonorização ao vivo do músico Marcelo Kraiser. Além da referência a um dos símbolos da Indonésia, que teve a última erupção em 2020, “Krakatoa” cita outros vulcões como Stromboli, Vesúvio e Etna entre narrativas em primeira pessoa e reproduções de notícias de jornal. “O Brasil não tem vulcões ativos, mas há quem jure que sentiu a lava correr debaixo do solo de Caldas Novas, de Rio Quente, de Nova Iguaçu, de Poços de Caldas, de Santos, de Ribeirão Preto e da Avenida São Luís, em São Paulo”, lembra a narradora.
“Somente depois que se fez silêncio no mundo foi possível distinguir com alguma nitidez o único som então audível: o do coro dos vulcões. Às vezes chegava a pensar que só eu os ouvia. Eu e os mortos. Não que fosse um infrassom, mas sua frequência fugia àquelas captadas pela maioria dos ouvidos humanos. Era preciso ter uma percepção mais aguda para estar apto a discerni-la – não necessariamente uma audição de morcego, talvez uma próxima à do lobo, como era a minha. O som gerado pelos vulcões não lembrava em nada qualquer outro produzido pelo aparelho fonador humano.”
(trecho de “Krakatoa”, de Veronica Stigger)
Ezra Pound em nova tradução de Dirceu Villa
Será lançada neste sábado, entre 13h e 15h, uma tradução de “Hugh Selwyn Mauberley”, de Ezra Pound (1885-1972), assinada por Dirceu Villa, acrescida de anotações inéditas. O evento será realizado na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274) com participação do tradutor e de Gustavo Ribeiro e Juliana Pondian.
Poema longo, “Hugh Selwyn Mauberley” é uma das obras mais conhecidas do modernismo literário e representa um ponto de virada na trajetória poética do norte-americano. O livro explora temas que vão da poesia da Antiguidade até os contemporâneos de Pound, destacando uma crítica à cultura e ao papel do poeta na sociedade.
Conexão África-Brasil na Livraria Jenipapo
Neste sábado, a partir das 11h, a Livraria Jenipapo (Rua Fernandes Tourinho, 241), em Belo Horizonte, será palco de um evento que une poesia, literatura e música para celebrar a cultura afro-brasileira e o cerrado. Raimundo Carvalho, Demóstenes Vargas, Pedro Antônio de Oliveira e Neusa Sorrenti se reúnem para um bate-papo sobre suas mais recentes obras:
“Balada do Morro da Alegria”, “Meus heróis na sala de estar”, “Afro-brasileirinhos” e “Brasiláfrica”. Além da troca de ideias sobre essas obras, o lançamento contará com a participação especial do Coral da Marilu, regido por Valéria Leite Braga. O coral trará uma apresentação musical que promete complementar o clima literário e cultural do encontro.
De onde vem o novo romance de Jeferson Tenório
Foi divulgada a capa do romance “De onde eles vêm”, o aguardado novo livro de Jeferson Tenório. O autor do best seller “O avesso da pele”, que vendeu mais de 200 mil exemplares, volta com uma história que se passa em Porto Alegre em meados dos anos 2000 e mostra o ingresso dos primeiros cotistas negros nas universidades brasileiras.
“Foram meses difíceis para terminá-lo, pois entre compromissos e toda a história da censura, esse período se tornou especialmente turbulento”, contou o autor, em suas redes sociais. A capa, de Alceu Chiesorin Nunes, reproduz arte de Maxwell Alexandre. O romance, já em pré-venda, chega às livrarias no fim de outubro.