Como Hollywood invadiu o Brasil

 

Jornalista, professor e crítico Pedro Butcher

Leo Lara/Divulgação

 

No livro de ensaios “Emotion pictures”, o cineasta alemão Wim Wenders, entre outras reflexões, discorre sobre como o cinema norte-americano conseguiu colonizar o imaginário de outros países ocidentais. A estratégia de dominação da indústria norte-americana para o mercado brasileiro é objeto de investigação e análise do jornalista, professor e crítico Pedro Butcher no livro “Hollywood e o mercado de cinema brasileiro: princípios de uma hegemonia”.

 

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Lançamento da coleção Lumiére, da editora mineira Letramento, o livro reúne documentos do Departamento de Estado e o Departamento de Comércio dos Estados Unidos e revela como o governo americano, com apoio de empresários e de parte da imprensa, promoveu e consolidou o processo de expansão internacional hollywoodiana no Brasil por meio do estabelecimento de uma rede de distribuição formada no início do século 20 com a instalação das filiais dos grandes estúdios de Hollywood no país. “O livro é resultado de uma pesquisa de mais de cinco anos, muito trabalhosa, mas ao mesmo tempo muito prazerosa”, conta Butcher.

 



 

“O lançamento em Belo Horizonte representa uma ocasião muito especial para mim. Desde 2016, Belo Horizonte tem sido um pouso anual em função do meu trabalho na equipe do encontro de coprodução Brasil CineMundi, que se realiza durante o Cine BH. E, de alguma forma, minha experiência no CineMundi e os encontros que proporcionou tiveram uma contribuição importante no processo de entender as estruturas da indústria audiovisual”, lembra.

 

O lançamento em BH será na próxima quinta-feira (26/09), às 11h30, no Palácio das Artes, com debate. Na mesma ocasião será lançado ainda o livro do crítico cinematográfico paulista Luiz Zanin Oricchio, “A arte da crítica: um crítico de cinema reflete sobre o seu ofício”, da mesma editora.

 

Capa do llivro "Hollywood e o mercado de cinema brasileiro: princípios de uma hegemonia"

reprodução

 

 

 

“História de turbulências e transformações dramáticas”

 

(Trecho do livro “Hollywood e o mercado de cinema brasileiro: princípios de uma hegemonia”, de Pedro Butcher)

 

Para além do domínio doméstico e internacional constituído pelo cinema americano e pelas majors, uma questão que se impõe é a longevidade desse domínio. Que condições possibilitaram a permanência da hegemonia de Hollywood durante tantas décadas? Essa permanência, claro, não significa que a trajetória das majors tenha sido um longo rio tranquilo. Ao contrário, trata-se de uma história marcada por turbulências de diversas intensidades.

 

No entanto, um oligopólio formado por um grupo de empresas que incluiu Universal, Paramount, MGM, United Artists, Fox, Columbia, Warner Bros, RKO e Disney, conhecidas em seu conjunto como as majors de Hollywood, dominou o cinema mundial por um período que se alongou por muitas décadas, a partir de meados dos anos 1920. Nem todas as companhias permaneceram no grupo por todo esse período, mas a maioria delas, sim.


Ao longo desses anos, o ambiente da indústria e os modelos de negócios sofreram transformações dramáticas pelos mais diversos fatores. Houve, por exemplo, momentos de grave crise em que estúdios estiveram em regime de falência ou recuperação judicial, sobretudo na Grande Depressão que se seguiu ao crash da bolsa de 1929, e no fim dos anos 1960, quando uma combinação de transformações no capitalismo corporativo e mudanças estruturais e comportamentais abalaram a estrutura existente dos estúdios.

 

Houve também momentos de turbulências de maior ou menor intensidade em função da introdução de novas tecnologias. E houve, ainda, ações externas como o processo antitruste movido pelo governo americano que se alongou por dez anos e, uma vez concluído, em 1948, determinou a desmontagem da estrutura verticalizada do sistema de estúdios. Esse último é especialmente significativo como exemplo da resiliência hollywoodiana.

 

No processo de “desverticalização”, as majors foram obrigadas pela justiça a se desfazer pelo menos dos cinemas mais rentáveis de sua rede de exibição. E apesar de essa decisão ter de fato oxigenado a situação das produtoras e exibidores independentes no mercado americano por algum tempo, não chegou a mudar o quadro de liderança mercadológica das grandes companhias nas décadas seguintes.

 

Essa resiliência foi possível, em parte, pela manutenção da rede de distribuição doméstica, mas, sobretudo, pela existência de amplas e sólidas estruturas de distribuição nos mercados internacionais (que, não por acaso, passaram a ganhar cada vez mais importância para a base econômica de Hollywood).

 

 

historiador francês Roger Chartier

Maria Tereza Correia/Estado de Minas - 02/11/06

 

Palestras e lançamentos de Roger Chartier em BH

Um dos maiores especialistas do mundo na história do livro e da leitura, o historiador francês Roger Chartier (foto) cumpre agenda de palestras e lançamentos em Belo Horizonte na próxima semana. Convidado especial do programa Cátedras do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG, ele terá compromissos na universidade e lançará livros na Livraria Quixote.

 

Na Faculdade de Letras da UFMG, ele fará na quarta-feira (25/9), das 14h às 17h, a palestra “O que é um livro? O livro como discurso, o livro como objeto”. No dia seguinte, na mesma faculdade, participa do encontro “O mundo editorial em questão” e na sexta-feira, dia 27, às 10h. fará a conferência “A mobilidade e a materialidade dos textos na era da reprodutibilidade digital” no auditório da reitoria.


Na terça-feira, dia 24, Chartier estará na Savassi para lançar três livros na Quixote. De 18h30 às 20h, participa dos lançamentos de “Gutenberg” (Tipografia do Zé), edição artesanal, ilustrada com gravura da artista Ana Paula Garcia, com texto que reaviva a discussão em torno da mitificação da figura de Gutenberg; “Mapas e ficções” (Edusp), ensaio que propõe uma abordagem diferente da mobilidade das ficções e de suas interpretações e ainda “Um mundo sem livros e sem livrarias”? (Letra Viva), com ensaios a respeito das práticas digitais no mundo editorial.

 

Roger Chartier é professor emérito do Collège de France, historiador vinculado à tradição da École des Annales e atualmente professor visitante na Universidade da Pensilvânia (EUA). O trabalho do francês contribuiu para a formação de diferentes gerações de historiadores e estudiosos das práticas culturais e, especialmente, do mundo do livro, da edição e da leitura.

 

capa do livro "Poemas rasgados"

reprodução

 

Os poemas rasgados de Rogério Barbosa

 

Rogério Barbosa lança hoje “Poemas rasgados”, trabalho nascido com a ideia de impressão de textos em faixas de tecido e que migrou para o papel de cores e gramaturas diferentes da Tipografia do Zé. A tiragem, numerada e assinada, será autografada pelo autor a partir do meio-dia na Papelaria Mercado Novo (Av. Olegário Maciel, 742, Corredor I).

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