As escritoras Isabela Noronha, de “Carlabê”, e Silvana Tavano, de “Ressuscitar mamutes”, conversam sobre seus mais recentes romances neste sábado, a partir de 10h30, na Livraria Jenipapo (R. Fernandes Tourinho, 241, Savassi). A pedido do Pensar, as autoras elegeram seus livros inesquecíveis e as leituras recentes mais marcantes.
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Leituras inesquecíveis
Silvana Tavano
Não esqueço de “Stoner”, de John Williams, editado pela Rádio Londres em 2015. Até então inédito por aqui, Williams faz muito com pouco; desde a primeira leitura, me impressiona a forma como ele constrói uma história apaixonante partindo de uma existência banal. O livro continua me surpreendendo cada vez que volto a ele e reencontro Stoner, um homem silencioso, triste, e sua vida sem graça, marcada pela monotonia e por impossibilidades. Com clareza e muita sensibilidade, a narrativa dá conta de retratar a complexidade de um personagem que passa pelo mundo sem deixar vestígios, mas que, ainda assim, é fascinante.
Isabela Noronha
Escolho “As meninas”, de Lygia Fagundes Telles. Conhecia os contos da Lygia, mas cheguei a esse romance há menos de dez anos. Me lembro de começar a história e sentir que havia eletricidade correndo na página – um efeito que passei a buscar em tudo que escrevo. Me encanta a sofisticação do jogo narrativo, o narrador mutante que usa diferentes pontos de vista para falar de um período curto (e definidor) na vida das protagonistas enquanto desenha um momento duro da nossa história.
Leituras recentes e marcantes
Silvana Tavano
Entre as leituras recentes, destaco dois livros de jovens escritoras brasileiras: na prosa de “John”, de Julia de Souza (Âyiné), e na poesia de “Palavra Nenhuma”, de Lilian Sais (Círculo de Poemas), o mesmo tema – a morte do pai – assume formas diferentes e igualmente bem executadas, que me encantaram pela delicadeza e pelo belíssimo trabalho com a linguagem.
Isabela Noronha
“Garota, mulher, outras”, de Bernardine Evaristo, me marcou pela coragem, pela liberdade formal que, por si só, parece dizer: veja aonde a literatura pode chegar. Também ficaram em mim “Distância de resgate” da Samantha Schweblin, pelo ritmo e pelo clima arrepiantes dessa narrativa inteira em diálogos, e “Soroca”, da Angela Marsiaj, uma história que entrelaça o Brasil de hoje e de ontem e nos faz refletir sobre o tempo e a força do amor.