Em uma época em que livrarias físicas e sebos enfrentam a forte concorrência do e-commerce, o Sebo Dona Clara se destaca em Belo Horizonte, mantendo viva uma tradição familiar e incentivando a leitura. Eduardo Ferreira Lima, de 42 anos, proprietário do espaço, herdou a paixão pelos livros de seu pai, Wilson Ferreira, que durante três décadas esteve à frente da antiga Livraria Ferreira. “Cresci vendo meu pai trabalhar na livraria. Ele começou por acaso, comprando um livro na Rua São Paulo e nunca mais largou esse mundo”, relembra.

 




 

Fundado em 2008, o Sebo Dona Clara conta com duas unidades físicas: uma no Centro de Belo Horizonte, na Rua Espírito Santo, e outra no bairro Barro Preto, inaugurada recentemente. A unidade do Centro possui o maior acervo, que vai de livros raros e clássicos da literatura brasileira até mangás, gibis e títulos acadêmicos.

 

“Trabalhamos com livros novos e usados, mas o foco é o sebo. A curadoria é feita pensando em todo tipo de público, desde quem busca literatura infantil até quem precisa de livros técnicos ou acadêmicos”, explica Eduardo.

Com 90% das vendas realizadas pela internet, o Sebo Dona Clara se adaptou ao mundo digital, entregando livros para leitores de todas as regiões do Brasil

Ana Clara Parreiras/EM/D.A Press

 

Adaptação ao digital sem perder a essência

Com o avanço do comércio digital, muitos sebos fecharam as portas, mas o Dona Clara encontrou um caminho. “Hoje, 90% das vendas são feitas pela internet, mas a loja física continua essencial para quem gosta de folhear e sentir o livro antes de comprar”, conta Eduardo. A loja física oferece uma experiência que vai além da simples compra. “Abrimos a unidade no Barro Preto justamente para manter essa conexão com o livro físico. O público ainda valoriza o ritual de folhear, marcar páginas e revisitar histórias.”

 

 

Eduardo comenta que o mercado mudou muito nas últimas décadas. “Antes, vendíamos muitos livros escolares, mas hoje as escolas adotaram apostilas, que não têm valor de revenda. Isso prejudicou bastante o mercado de livros usados, além de desestimular o hábito de leitura entre os jovens”, explica ele.

 

 

Sustentabilidade e impacto social: doações e reciclagem

O Sebo Dona Clara também se destaca por suas práticas sustentáveis. “Compramos livros usados, fazemos trocas e, quando um título não tem valor comercial, doamos ou encaminhamos para reciclagem”, explica Eduardo. A livraria mantém uma parceria com a ONG Nova Geração, que recebe parte das doações e distribui para bibliotecas comunitárias. “Nosso objetivo é garantir que quem quer ler tenha acesso aos livros, independentemente da condição financeira.”

 

Manter uma livraria em Belo Horizonte não é tarefa fácil. Eduardo reconhece que a leitura ainda é pouco incentivada no Brasil e que a cidade carece de eventos literários. “BH quase não tem feiras de livro. Antes, participávamos da Bienal de São Paulo, mas, com o crescimento das vendas online, muitos fecharam suas lojas físicas. Mesmo assim, queremos manter nosso espaço vivo e ampliar nossas atividades culturais.”

 

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Apesar dos desafios, Eduardo segue otimista. “Temos planos para promover mais eventos literários e atividades culturais. É difícil, mas acreditamos que o livro físico tem um valor insubstituível, um respiro necessário em meio ao excesso de telas.”

 

O Sebo Dona Clara, em Belo Horizonte, se destaca há mais de 15 anos por oferecer uma vasta seleção de livros para todos os perfis de leitores

Ana Clara Parreiras/EM/D.A Press

 

Serviço Sebo Dona Clara

Unidade Matriz: Rua Espírito Santo, 785 - Atrás da Igreja São José

Unidade Barro Preto: Rua Timbiras, 2762 - Barro Preto - Esquina com Av. Amazonas

Contato: (31) 3201-0210

Instagram: @livrariaesebodonaclara

 

Horário de Funcionamento:

Segunda a sexta: 9h às 18h

Sábado: 9h às 14h

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