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Acontecimentos (22/3)

Escritores homenageiam Benito Barreto, titular da cadeira número 2 da Academia Mineira de Letras, que nasceu em Guanhães em 1929 e morreu na última segunda

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Duas visões de Benito Barreto

Dois escritores homenageiam Benito Barreto (foto), conhecido pelos romances históricos como a recriação da Inconfidência Mineira na tetralogia “Saga do caminho novo” e titular da cadeira número 2 da Academia Mineira de Letras, que nasceu em Guanhães em 1929 e morreu na última segunda-feira em Belo Horizonte aos 95 anos.

Luís Giffoni
Luís Giffoni Marcos Vieira /EM/DA. Press


“Obra única e vigorosa”

Luís Giffoni

“A literatura brasileira perdeu Benito Barreto, um de seus mestres. Um mestre que Minas Gerais nos legou. Mestre pouco conhecido. Quem leu Benito Barreto, quem admira seus romances? Pois é. Perdemos um autor que merece nossa exaltação. Merece mesmo uma estátua na Praça da Liberdade. Benito deixa uma obra única, vigorosa, fruto de suas convicções políticas marcadas pela igualdade social, pelo mergulho na língua portuguesa que manejava com talento, criador de grandes personagens e enredos. A força de ‘Os Guaianãs’ arrebata o leitor.

A criatividade da saga sobre a Inconfidência Mineira nos emociona com a descrição dos locais, da época e de seus atores. A figura de Tiradentes exala uma humanidade que transcende o simples enaltecimento. Sem falar que Benito era afável, gentil, acolhedor. Através dele, conheci vários autores, durante os encontros de sábado à tarde dedicados à discussão da literatura, eu ainda garoto diante de um calejado viajante pelas obras de escritores nacionais e estrangeiros. Benito Barreto partiu. No entanto, continua aqui. Basta abrir um de seus romances. Não se encantou. Permanece puro encanto.”

Carlos Herculano Lopes

Carlos Herculano Lopes

Alexandre Guzanshe /EM/DA. Press


“Amizade fraterna e solidificada”

Carlos Herculano Lopes

“Apresentado por Roberto Drummond, conheci Benito Barreto no final dos anos de 1970, quando comecei a trabalhar no Estado de Minas. Eu tinha pouco mais de 20 anos. Nos uniu o fato de sermos do Vale do Rio Doce: Roberto, de Ferros; Benito, de Guanhães, e eu, de Coluna.

Apesar de ele ser quase 20 anos mais velho que eu, desenvolvemos uma amizade fraterna, solidificada, principalmente, após eu haver lido sua tetralogia ‘Os guaiañas’, na época relançada pela Editora Mercado Aberto, do Rio Grande do Sul, por Charles Kiefer, e depois de uma longa entrevista que, nos tempos seguintes, fiz com ele para o jornal.

Isso não só alicerçou a nossa amizade, como também o meu respeito pelo grande escritor. Convidado por Benito e por Irá, sua esposa, foram inesquecíveis os vários encontros em sua casa. Perco um amigo querido, do qual tive a honra de ser confrade na Academia Mineira de Letras, que se engrandeceu com sua presença. Minas e o Brasil perderam um escritor da melhor qualidade.”


O novo alvo de Carlos Novais

Carlos Augusto Novais lança “AO – Algo anti como alvo” neste sábado, das 12h às 15h, na Papelaria Mercado Novo (Av. Olegário Maciel, 742) com leitura de poemas pelo autor e por Emília Mendes. “Se nos livros anteriores o poeta experimentou mais a linguagem, inclusive criando poemas visuais, dialogando pelo menos com dois poetas caros a sua trajetória, Augusto de Campos e Paulo Leminski, agora em “AO” o poeta parece ir em direção a um encontro com a sua própria poesia, e isso não é pouco, pois confirma a maturidade de um poeta em pleno domínio de sua linguagem”, destaca Mário Alex Rosa, ao analisar a obra publicada pela Impressões de Minas.

Rosa lembra que, em cada uma das sete seções do livro, o autor “visita de maneira exemplar o que o angustia com a criação, ou seja, o amor, a política, a linguagem, o cotidiano”. Para o crítico, Carlos Augusto Novais é um poeta discreto, “com uma produção também discreta, embora há décadas venha militando na poesia, participando de revistas, jornais alternativos e antologias”. Os livros publicados mantêm um intervalo considerável entre um e outro, destaca Mário Alex Rosa.

“De ‘Pragizélia’ (1980) para ‘A de palavra’ (1989) são praticamente dez anos. Desse segundo para o terceiro, ‘Alvo. S. m.’ (1997), também quase uma década, e desse terceiro para o quarto, ‘Algo’ (2022), incrivelmente vinte e cinco anos.”


Um poema de “AO”

“perguntar ofende?”

Quando não se é feliz? E o seu
Sonho? Qual a razão da poesia?
Dificilmente se ouve: não sei.

Então, terminou? Você conseguiu?
Deu tudo certo? Tarde ou cedo?
Foi pesado? Acertou a saída?
Muito pouco se diz: foi mal, errei.

E aí? Tentou o clássico soneto?
Escreveu seu poema? Achou a rima?
Quase nunca se assume: não deu.

De minha parte, no exame e ao fim,
Só me resta o que a mim é usual,
Marcar todas as respostas acima:
não sei, errei, não deu, foi mal!


Páginas para Schubert

Com recital do pianista Evan Megaro, o crítico e ensaísta mineiro Mário Alves Coutinho lança hoje “Franz, sublime Schubert” pela editora Tipografia Musical, das 10h30 às 12h30, na Livraria da Rua (Antônio de Albuquerque, 913, Savassi).

Autor também de livros sobre Mozart e Bach, Coutinho publicou em 2016, pela Série Outras Grafias, da mesma editora, o primeiro romance, “A explosão e o suspiro ou um corpo que cai”.

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