O secretário de Estado da Casa Civil no Governo de Minas, Marcelo Aro (PP-MG), acusou o governo federal de atrasar o acordo do processo de repactuação de Mariana por medo de fortalecer o governador Romeu Zema (Novo) em uma possível corrida eleitoral em 2026. A declaração foi feita durante entrevista ao programa EM Minas, comandado pelo jornalista Benny Cohen.
Segundo Aro, o governo Zema é oposição ao governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas, segundo ele, apesar do conflito de ideologias, deve-se sempre procurar diálogo entre as polarizações.
“Sabe o que nós queríamos do governo Lula? Que ele assinasse o acordo de Mariana. Essa era a nossa vontade. Temos o Ministério Público de Minas, o Ministério Público do Espírito Santo, a Defensoria Pública, e as empresas privadas, todo mundo já aceitou fazer o acordo. Falta apenas a assinatura do governo federal. Vamos cobrar, é isso que eu quero”, afirmou. “Mas, existe uma turma do mal no governo. Essa turminha não quer que Minas dê certo, porque sabe que se Minas der certo, o governador pode ser um concorrente do Lula em 2026”, seguiu.
O prazo final para a repactuação do acordo de Mariana está estipulado para o dia 5 de dezembro de 2023, de acordo com o cronograma das atuais negociações em curso no Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6). No meio das discussões, o governador de Minas deseja que o montante destinado à repactuação beneficie diretamente o estado, como foi o caso de Brumadinho. Entretanto, o governo federal apresenta uma perspectiva divergente. Lula defende que o dinheiro seja direcionado para os afetados, investindo em melhorias na região.
'Imagem de Zema'
Em conversa exclusiva ao Estado de Minas, feita após a entrevista para a TV Alterosa, Aro disse que acredita que a proposta ainda não saiu do papel porque o governo federal quer prejudicar a imagem de Zema.
“Eles sabem que os maiores beneficiados com acordo da Vale é o povo de Minas Gerais e eles querem o povo descontente. Querem os mineiros falando que estão descontentes, que a vida está ruim, porque se estiver boa, eles têm um problema enorme eleitoral para 2026. É triste, mas é o que está acontecendo.”
Em evento realizado na terça-feira (31/10), o governador de Minas Gerais repetiu o discurso de Marcelo Aro. Zema reiterou o compromisso de participação do governo de Minas no processo negocial de repactuação do acordo de Mariana, com foco na defesa dos interesses da população atingida e na reparação efetiva dos prejuízos causados pela tragédia. Ele lamentou a demora para medidas efetivas de compensação aos afetados, em razão de um modelo que hoje tem muitas reuniões, consultorias, análises e exames, mas pouca operação efetiva. Segundo o governador, Lula tem “má vontade” com Minas Gerais.
Desastre ambiental
Em 2015, o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e a BHP Billiton, localizada no município de Mariana, provocou o maior desastre ambiental do país e a morte de 19 pessoas. Mais de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro foram despejados na bacia do Rio Doce.
Atualmente, a reparação é regida pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), que tem 42 programas de reparação e compensação da Bacia do Rio Doce.
Além disso, foi instituído o Comitê Interfederativo (CIF), responsável por monitorar, orientar e validar as ações executadas pela Fundação Renova no processo de recuperação dos danos causados à Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
Diante da pouca efetividade do processo de recuperação da bacia, os governadores de Minas Gerais e do Espírito Santo e o Fórum Permanente dos Prefeitos do Rio Doce articularam-se, em 2019, e acordaram ações integradas para aumentar a velocidade de implementação das ações de reparação e compensação.
Apesar dos avanços obtidos com a Agenda Integrada, em 2020, frente à continuidade da lentidão na execução das medidas previstas no TTAC, foram iniciadas as discussões para a repactuação, que a partir de 2023 passou a ser mediada pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6).
EM Minas
Neste sábado (4/11), às 19h30, o EM Minas, programa de entrevista da TV Alterosa, jornal Estado de Minas e Portal Uai, recebe o secretário de Estado de Casa Civil no Governo de Minas, Marcelo Aro (PP-MG).
O EM Minas vai ao ar todo sábado, sempre no início da noite, apresentado pelo jornalista Benny Cohen. Ao longo dos episódios, serão entrevistados os principais nomes da cena política e do setor produtivo de Minas Gerais e do Brasil.
O programa é transmitido para todo o estado pela TV Alterosa. Cada episódio é dividido em três blocos, sendo dois transmitidos na televisão e um terceiro bloco exclusivo no YouTube do Portal Uai, onde todos os programas poderão ser vistos na íntegra.
Aos domingos, a entrevista completa estará disponível no portal e no jornal impresso do Estado de Minas. O público também pode conferir matérias com os principais destaques no portal do EM e do Uai.