O presidente Lula (PT) fez uma defesa da aliança política e negociações de cargos com o centrão durante discurso em reunião com ministros, presidentes e líderes de partidos aliados nesta terça-feira (31/10).
O petista recebeu no Palácio do Planalto o chamado Conselho de Coalizão, órgão que reúne as lideranças dos partidos que integram a base de apoio do governo no Congresso Nacional.
Esse foi o primeiro encontro do petista com lideranças da Câmara após a reforma ministerial que colocou o PP e o Republicanos no primeiro escalão do governo e, mais recentemente, a troca no comando da Caixa, para atender um pedido do presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL).Na conversa, Lula pediu apoio dos partidos aliados à pauta do governo no Congresso, que é essencialmente ligada a questões econômicas. Ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) expressaram a urgência de se aprovar medidas que ajudam no aumento de receitas para controlar os gastos públicos.
A interpretação de líderes partidários é que, apesar de não fazer uma vinculação direta, o recado de Lula, nas entrelinhas, é que a base na Câmara foi ampliada após as negociações com o centrão e isso deve se refletir em votos para as propostas de interesse do governo.
Há cerca de dois meses, o PP e o Republicanos entraram no primeiro escalão do governo Lula. André Fufuca (PP) assumiu o Ministério do Esportes, enquanto Silvio Costa Filho (Republicanos) foi para o de Portos e Aeroportos. Além disso, na semana passada, o presidente demitiu Rita Serrano e indicou para o posto o funcionário de carreira Carlos Antônio Vieira Fernandes, aliado do presidente da Câmara.
Segundo pessoas que participaram da reunião desta terça, Lula deu declarações em tom de desagravo ao centrão, pois disse que vê essas siglas como qualquer outro partido político.
Após o encontro, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) exaltou o crescimento da bancada governista, com a adesão do PP e Republicanos.
"Reunião com ampla participação, de todos os líderes, de todos os partidos, mostrando a frente ampla que isolou o bolsonarismo, que isolou aqueles que atentaram contra a democracia no dia 8 de janeiro e que estão ajudando a reequilibrar a economia, na reconstrução das políticas sociais e o reposicionamento do Brasil no mundo" afirmou o ministro responsável pela articulação política.
"[Teve a] Participação das direções partidárias, além dos líderes da Câmara, o conjunto de partidos. Além de [eu querer dar] uma saudação especial ao líder do Republicanos, do PP, que são duas bancadas que ingressam definitivamente, bancadas federais, nessa frente ampla da base na Câmara dos Deputados."
Padilha afirmou que a primeira parte da reunião foi um agradecimento às bancadas pela aprovação na Câmara de medidas de interesse do governo, como a reforma tributária e a taxação das offshores e fundos exclusivos. Disse que então o presidente Lula apontou aos participantes as prioridades para o governo.
Líderes partidários disseram que Lula fez questão de pontuar que, na política, a disputa de espaços é legítima e isso não pode ser condenado.
"Ele [Lula] falou que é natural a composição política, convívio de diferentes, divisão de espaço de poder. Isso acontece no mundo todo", afirmou o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).
"O presidente quis deixar clara a importância da política, de fazer uma política de coalizão e compor um governo ouvindo os partidos", relatou o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).
Além de Padilha, Haddad e Tebet, participaram do evento desta terça os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicação Social).
Representantes do PT, PSDB/Cidadania, PC do B, PP, PSD, PDT, Solidariedade, MDB, União Brasil, PSB, Podemos e Republicanos também estiveram no Palácio do Planalto, segundo informações do governo Lula.