Denúncias de casos de assédio moral e físico dentro da Fundação Ezequiel Dias (Funed) foram encaminhadas ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e à Controladoria Geral do Estado (CGE) para investigação. Funcionários do órgão de inovação e tecnologia em saúde de Minas procuraram ajuda após relatarem casos de exposição pública e até situações de agressões. Os casos envolvem também o presidente da instituição, Felipe José Fonseca Attiê.
Os servidores procuraram o gabinete do deputado estadual Lucas Lasmar (PV), vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, para fazer as denúncias. Diante dos relatos, o parlamentar enviou um ofício ao MPMG e à CGE para que os casos sejam investigados. Nos pedidos, ele aponta que os casos de assédio têm ocorrido reiteradamente na fundação.
“Segue abaixo um resumo da denúncia e incidentes relatados por servidores em nosso Gabinete: 1. Assédio Moral: Há relatos consistentes de práticas de assédio moral dentro da FUNED, envolvendo diversos setores e funcionários. Tais práticas geraram um ambiente de trabalho hostil e prejudicial ao bem-estar dos servidores. 2. Possível agressão: Há denúncias específicas de agressão física e verbal aos servidores por parte do Presidente da FUNED. Esses incidentes, se confirmados, representam uma violação grave das normas éticas e profissionais”, diz o deputado nos documentos enviados em 13 de novembro.
A suspeita de agressão física apontada na nota se refere a uma reunião ocorrida na fundação em 8 de novembro para tratar da retomada da produção de soros pela Funed. Documentos aos quais a reportagem teve acesso trazem relatos das duas partes acerca do ocorrido.
Em um memorando, a denunciante afirma que foi desrespeitada e teve sua capacidade técnica questionada pelo presidente. Ao tentar deixar a sala, ela relata que foi segurada pelos braços com uso de força física. Em resposta, Attiê disse que a funcionária pediu exoneração ‘aos gritos e choro’ e ‘tentou acalmá-la de todas as formas’.
Questionada pela reportagem, a Funed respondeu, em nota, que ainda não teve acesso ao teor dos ofícios remetidos por Lasmar ao MPMG e à CGE. A fundação citou o ocorrido na reunião do dia 8 e afirmou que as divergências foram momentâneas e já superadas.
“Inobstante, em uma reunião realizada em 08/11, para tratar da retomada da produção dos soros, ocorreu uma divergência de entendimentos entre as equipes da engenharia, da Diretoria de Planejamentos Gestão e Finanças e da Diretoria Industrial, quanto a postergação dos prazos para a retomada da produção. A solução para o impasse foi intermediada pela presidência, visando uma solução que atenda os interesses institucionais e em especial ao interesse público para a efetiva retomada da produção dos soros. A Funed reforça que em nenhum momento ocorreu qualquer tipo de agressão por parte da presidência e diretores desta Fundação”, diz trecho da nota.
Já a CGE disse que as investigações sobre as denúncias estão sendo conduzidas sob sigilo. “A Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais (CGE) informa que as investigações conduzidas pelo órgão são de caráter sigiloso (conforme art. 220, § 2°, da Lei 869/1952 e Súmula CGE n° 2)”, destacou o órgão em nota enviada à reportagem.
O Ministério Público informou que o ofício foi recebido e encaminhado na última quinta-feira (16/11) e encaminhado para a 12ª Promotoria de Justiça Criminal para que o órgão competente defina as eventuais providências.
Leia a íntegra da nota da Funed
“A Fundação Ezequiel Dias (Funed) esclarece que até o momento não teve acesso ao teor do ofício remetido ao Controlador-Geral do Estado e ao Ministério Público. Inobstante, em uma reunião realizada em 08/11, para tratar da retomada da produção dos soros, ocorreu uma divergência de entendimentos entre as equipes da engenharia, da Diretoria de Planejamentos Gestão e Finanças e da Diretoria Industrial, quanto a postergação dos prazos para a retomada da produção.
A solução para o impasse foi intermediada pela presidência, visando uma solução que atenda os interesses institucionais e em especial ao interesse público para a efetiva retomada da produção dos soros. A Funed reforça que em nenhum momento ocorreu qualquer tipo de agressão por parte da presidência e diretores desta Fundação.
A Funed reforça que as divergências ocorridas na reunião foram momentâneas e já superadas e todos estão juntos e empenhados para um bem maior que é a retomada da produção dos soros, paralisada há sete anos”.