O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quinta-feira (23/11), durante reunião no Palácio do Planalto, a Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência do G20. O grupo é formado por 39 órgãos da administração pública federal, e será responsável por conduzir as ações brasileiras na gestão do bloco. O Brasil assume o G20 em 1º de dezembro.
Em discurso na abertura do encontro, Lula destacou que o combate à desigualdade e às mudanças climáticas e a reforma da governança global serão os temas centrais da atuação brasileira. Ele defende, por exemplo, que os países mais ricos encontrem formas de refinanciar as dívidas das nações em desenvolvimento. O chefe do Executivo também declarou que incentivará a participação popular durante todo o período da presidência no G20, que dura um ano.
"Eu queria lembrar aos companheiros que, possivelmente, seja o mais importante evento internacional que o Brasil vai assumir a responsabilidade de coordenar. São as 20 maiores economias do mundo", declarou Lula aos presentes. Participaram da reunião o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros ministros do governo.
Sobre o combate às desigualdades, Lula argumentou que não há explicação para ainda haver pessoas passando fome, com "tanto dinheiro atravessando os Atlânticos". Já sobre a transição energética, o presidente defende que é a oportunidade para que o Brasil se torne referência mundial e atraia investimentos estrangeiros.
Refinanciamento das dívidas
O presidente destacou, em sua fala, mudanças na governança global. Ele é crítico do funcionamento de instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), que não vem conseguindo cumprir seu papel de mediar conflitos e combater violações do direito internacional. De acordo com Lula, também é preciso discutir o sistema financeiro global.
"Muitas vezes instituições emprestam dinheiro não com o objetivo de salvar o país que está tomando dinheiro emprestado, mas para pagar dívidas e não para produzir um ativo produtivo, numa demonstração de que não há contribuição para salvar a vida dos países", declarou o mandatário. Ele citou a situação econômica da Argentina e a dívida dos países africanos, que soma cerca de US$ 800 bilhões, como exemplos.
"Se não houver uma discussão de como fazer um refinanciamento para os países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos, os pobres vão continuar pobres, e quem está com fome vai continuar com fome. Então nós queremos aproveitar o Brasil e fazer essa grande discussão", declarou.
Lula confirmou ainda a criação de outros mecanismos, dentro da presidência do G20, que já haviam sido adiantados pelo governo. O Brasil criará duas forças-tarefa, uma para o combate à fome, e outra para o combate às mudanças climáticas. O presidente prometeu ainda participação popular durante a condução brasileira do grupo.
"Nós vamos tentar envolver a sociedade brasileira sem nenhum veto a qualquer segmento da sociedade para participar e construir propostas para que a gente possa, ao terminar o G20, ter algo concreto para dizer ao povo brasileiro e ao mundo que a gente vai começar a mudar", enfatizou Lula.