Insatisfeitos com o governo Romeu Zema, deputados federais da bancada mineira se reuniram essa semana e decidiram enviar os recursos das emendas parlamentares para os ministérios e órgãos federais fazerem o repasse diretamente para as prefeituras e entidades estaduais. Antes, as emendas ao orçamento, que por lei são impositivas, eram destinadas aos cofres do estado e o governo de Minas as executava.

Um dos motivos para essa decisão é o tratamento dispensado aos parlamentares pelo governador que, segundo eles, não dá crédito aos deputados pela destinação dos recursos, faz entrega de bens e obras adquiridas com essas verbas sem ao menos convidar os autores das emendas para as solenidades e muitas vezes atrasa a execução. No caso dos deputados de oposição, a reclamação é que o governo os boicota e muitas vezes não executa as emendas enviados para o estado, deixando os recurso se perderem.



Ao todo, a bancada mineira deve repassar, em 2024, cerca de R$ 460 milhões para prefeituras por meio de convênios com os ministérios. Outra insatisfação é com determinação de Zema, tomada sem ouvir a bancada federal mineira, de que qualquer agenda com o governo deve obrigatoriamente ser tratada com o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro (PP). Aro é cotado para ser o candidato de Zema ao governo de Minas, em 2026, ou à Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem. Os dois viajaram no dia 1/11 para a China e Japão, em missão oficial, e retornam ao Brasil no dia 18/11. Aro é um dos secretários mais próximos do governador atualmente.

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Para o coordenador da bancada federal mineira no Congresso Nacional, deputado Luiz Fernando Faria (PSD), Zema não tem consideração com os parlamentares e não gosta de político. "O governador tem um certo afastamento, desconsideração com a bancada federal. Todo mundo sabe que ele não gosta de se aproximar de político. Como ano que vem é um ano eleitoral, a bancada decidiu colocar os recursos nos Ministérios e fazer convênio direto com as prefeituras", afirmou o deputado. A decisão do governo de Minas de concentrar as reuniões dos parlamentares em Aro, de acordo com o deputado, e não atender pessoalmente os membros do legislativo federal também contribuiu para aprovação da medida de envio de emendas para os ministérios e não mais para as secretarias estaduais.

O deputado federal Igor Timo (Pode), da base de Zema, disse que tinha uma reunião agendada essa semana com o secretário estadual de Governo, Gustavo Valadares (PMN), e que na véspera do encontro recebeu uma mensagem cancelando o encontro e orientando que ele procurasse Aro, sob a justificativa de que, a partir de agora, qualquer assunto tem que ser tratado com a Casa Civil. “Falar que não vai atender parlamentar e que tem que tratar exclusivamente somente com um secretário é a primeira vez que vejo", disse Timo que garante ter uma ótima relação com o governo, apesar de admitir restrições em relação ao governador por parte de outros colegas.

Ele afirma que os deputados enfrentam dificuldades para estabelecer relações com o governo mineiro, e alega que isso “desencadeou um efeito colateral que não é bom pra Minas”. Timo disse que chegou a procurar o vice-governador Mateus Simões (Novo) para reclamar da decisão, tomada sem consulta prévia à bancada federal, mas foi informado que essa era uma determinação dada pelo próprio governador.

“Fazer as transferências direto aos municípios era uma coisa que já vinha sendo discutida, mas certamente uma decisão dessa de fazer com que os parlamentares tenham apenas um canal de diálogo um governo, pode ter contribuído para isso”, afirmou Timo. Para ele, não é de “bom tom” essa atitude. “Não há justificativa para que um deputado federal, que representa o estado, não possa ter acesso direto ao governador ou não possa dialogar diretamente com qualquer secretário”.

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O deputado federal de oposição a Zema, Rogério Correia (PT), disse que desistiu também de enviar emendas para o governo estadual, pois no caso de adversários o estado nem executa, Segundo o parlamentar, um dos participantes da reunião da bancada, a insatisfação da base com o governo Zema é muito grande. Para ele, o governador não sabe fazer política. “É a prova disso é a dívida de Minas. No lugar de negociar condições melhores, como muitos governadores têm feito, ele nega o diálogo e insiste em tentar aprovar um regime de recuperação que será péssimo para o estado”. Segundo ele, nessa reunião, ficou decidido que somente emendas destinadas à Polícia Militar serão repassadas diretamente.

Procurado pela reportagem, o secretário de governo não atendeu ao pedido de entrevista.

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