O bloco de esquerda da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), formado pelos vereadores do PT, PSOL e PV, defendem que haja uma recomposição da mesa diretora como solução para encerrar a disputa de poder que ocorre dentro da Casa Legislativa. Nesta segunda-feira (4/12) o processo que pedia a cassação do presidente, vereador Gabriel Azevedo (Sem Partido), foi arquivado permanentemente.
Durante o processo, o presidente da Câmara negou as acusações e tratou o processo como uma "sanha usurpadora", acusando o grupo chamado de "família Aro" - vereadores ligados ao secretário de Estado de Governo, Marcelo Aro (PP) - de tentarem assumir o controle da mesa diretora do Legislativo Municipal. Entre os interessados na cassação estava o vereador Juliano Lopes (Agir), vice-presidente da Câmara e que no início do ano teria um acordo com Gabriel para assumir a presidência da casa em 2024.
Em entrevista ao Estado de Minas, o vereador Bruno Pedralva (PT), avaliou que independente de Gabriel Azevedo ou o Marcelo Aro ganhando a disputa, quem perde é a cidade de Belo Horizonte. “Nós já tivemos em função dessa crise política a reprovação do projeto de lei que garantia políticas públicas para BH evitar o aquecimento global e também o empréstimo de R$ 850 milhões para a comunidade do Izidoria que é uma das regiões mais vulneráveis da nossa cidade”, disse.
Segundo o petista, a bancada defende a renúncia de todos os membros da mesa diretora como uma saída democrática para a crise política que acomete o poder Legislativo. “Queremos que o grupo do Gabriel, o grupo do Marcelo Aro, deem um passo atrás e renunciem seus cargos na mesa diretora para que a gente possa fazer uma nova composição, com alguém que consiga mediar os interesses de todo mundo. O mais provável é que a Câmara continue paralisada em função dos resultados de hoje”, frisou.
Gabriel Azevedo nega renúncia
Em entrevista após o arquivamento do seu pedido de cassação, Gabriel Azevedo não citou a proposta dos vereadores de esquerda, mas afirmou que vai se manter no cargo até o fim do mandato em 2024, quando uma nova eleição interna vai escolher os membros da mesa diretora. “Tentaram me arrancar da presidência, várias vezes, de um jeito violento e não conseguiram. Ao fim do processo me oferece gentilmente que eu saia? Isso não me parece exatamente coerente”, disse.
No cerne da crise estaria o acordo firmado com o grupo de Aro e que levou Azevedo à presidência da Câmara. O intuito era que o vereador revezasse o cargo com Juliano Lopes.
“Agora nós vamos cumprir o mandato. Vários colegas me procuraram e falaram para eu continuar, estão assustados com uma outra pessoa assumindo, pois essa pessoa não seria muito equilibrada para utilizar o poder”, completou.