O ministro Márcio França avançou nas tratativas para aproximar o apresentador José Luiz Datena do PSB e divulgou em redes sociais foto de um jantar deles nesta segunda-feira (4) com a deputada federal Tabata Amaral, pré-candidata do partido à Prefeitura de São Paulo, falando em "fogo no parquinho".
O PSB espera agora a filiação do apresentador da Band à legenda. Um ato para oficializar a chegada dele foi marcado para a próxima quarta-feira (13) em Brasília, o que abriria a possibilidade de ele ser vice na chapa de Tabata. Ela já o convidou para a função, mas o posto segue sob negociação.
Procurado pela reportagem, Datena desconversou sobre os planos, mas confirmou que "existe uma possibilidade" de se filiar ao PSB e disse ter sido apenas um jantar de relacionamento. O comunicador estava até o mês passado no PDT, que trabalhava com sua pré-candidatura a prefeito em 2024.
França, que dirige o PSB em âmbito estadual, não fez comentários adicionais. Além da expressão "fogo no parquinho", interpretada como um aviso aos adversários de que a campanha de Tabata está se fortalecendo, ele fez alusão a um bordão de Datena: "Vai ser só no nosso, SP!".
O ministro das Micro e Pequenas Empresas disse ao Painel, há algumas semanas, que a participação de Datena na eleição municipal teria potencial para mudar o caráter da disputa. "Caso ele se disponha a ser candidato, será um arrasa-quarteirão", afirmou. Ele não respondeu à reportagem nesta terça.
A expectativa de Tabata é contar com o apoio do jornalista, sendo vice ou não. A parlamentar, também presidente municipal do PSB, disse à reportagem que reiterou no jantar o convite para Datena ser vice, se ele quiser, e que as portas estão abertas para que ele possa se somar ao projeto dela.
"Sendo da vontade dele, o Datena dará uma grande ajuda ao nosso projeto popular, focando na área de segurança pública e em novos rumos para São Paulo", afirma. Ela vem repetindo que o apresentador "tem estatura" para ser vice, mas também conversa com partidos como PSDB, Avante e o próprio PDT.
Nos bastidores, o comentário é que Datena cogita concorrer ao Senado por São Paulo em 2026 e sua participação na campanha do ano que vem pode funcionar como um ensaio para a futura candidatura. Ele já ensaiou se candidatar outras quatro vezes, mas sempre desistiu na véspera.
O entorno de Tabata entende que a entrada do jornalista no partido daria mais segurança a uma eventual composição com ele. O cenário era visto como mais instável caso ele continuasse no PDT, por exemplo, pelas pressões que poderiam vir da própria sigla e de legendas aliadas, como o PT.
O apresentador tem dito que sua prioridade hoje é cuidar de saúde e se recuperar de três cirurgias pelas quais passou recentemente. Questionado, ele evitou se comprometer com uma declaração pública de apoio à candidatura de Tabata, argumentando que a eleição ainda está distante.
Datena, no entanto, fez elogios à deputada, com quem tem conversado nos últimos meses. O PSB pretendia começar nesta quarta a distribuir os convites para a filiação dele.
Na semana passada, o apresentador e Ricardo Nunes (MDB), que deve concorrer à reeleição, tiveram um mal-estar enquanto o prefeito era entrevistado ao vivo no programa Brasil Urgente sobre a greve que paralisou parte dos transportes sobre trilhos na capital paulista.
Houve uma troca de provocações depois que Nunes disse que Joel Datena, filho do apresentador e seu substituto na atração jornalística, é "mais legal" que o pai. O entrevistador se irritou com a comparação e respondeu que o prefeito não poderia reclamar depois de não ter tido espaço para se pronunciar.
"Eu até gosto que você diga isso, que você não gosta de mim", disse Datena ao prefeito.
O apresentador também tem pontes com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que é pré-candidato a prefeito com apoio do presidente Lula (PT) e lidera as pesquisas de intenção de voto.
A relação ficou estremecida, no entanto, depois de vir a público em abril um vídeo de uma conversa entre Datena e Boulos na qual o apresentador sugere uma chapa com ambos para disputar a prefeitura. Na gravação, o apresentador sugeria ao deputado "peitar" Lula para concretizar a chapa.
Sem Datena, o PDT discute alternativas como entrar na coligação de Boulos ou lançar outro nome. Uma aliança com Tabata é praticamente descartada pelos dirigentes no nível municipal, após a traumática desfiliação da deputada, que saiu da legenda após votar a favor da reforma da Previdência.