Javier Milei, presidente eleito da Argentina, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante encontro em Buenos Aires, na Argentina, nesta sexta (8) -  (crédito: @carmeloneto/Instagram)

Javier Milei, presidente eleito da Argentina, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante encontro em Buenos Aires, na Argentina, nesta sexta (8)

crédito: @carmeloneto/Instagram

FOLHAPRESS - Decidindo colocar em prática seu teste de popularidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma longa caminhada nesta sexta (8/12) pela famosa rua Florida, no centro de Buenos Aires, ao chegar e ao sair do hotel onde se encontra o presidente eleito argentino Javier Milei. Eles se reuniram por volta das 10h, por cerca de uma hora e meia.

 

Do lado de fora, Bolsonaro afirmou que "foi uma conversa entre amigos", comparou a equipe formada pelo ultraliberal com a sua própria e disse que ele assumirá um país em situação econômica mais crítica do que o Brasil. Também alfinetou o presidente Lula diversas vezes, dizendo que "vai convidá-lo para ser seu ministro de Turismo" em referência à frequência de suas viagens internacionais.

 

Enquanto ele caminhava, jornalistas argentinos tentavam entender o que ele estava fazendo, sem estarem acostumados ao seu estilo improvisado. "Aonde você vai? Vai comprar troco [dólares]?", brincava um, enquanto no estúdio um apresentador descrevia o esquema de segurança como "estranho" e fazia piadas: "Me manda sua localização que eu já nem sei onde vocês estão".

 

Bolsonaro deve ter tratamento de chefe de Estado na posse de Milei neste domingo (10/12) e tem usado a visita para tentar demonstrar força, já que é seu primeiro grande evento político desde que deixou o Palácio do Planalto após uma série de derrotas judiciais. Seus assessores classificaram o encontro desta sexta como "espetacular" antes, haviam afirmado que haveria um almoço, o que não aconteceu.

 

"Foi uma conversa entre amigos, Milei fez um breve retrato do que vive a Argentina no momento. A questão mais importante é a economia. Todo mundo sabe disso. A escola dele é a austríaca, a do [ex-ministro da Economia] Paulo Guedes é uma outra, a de Chicago, que tem os mesmos objetivos", disse Bolsonaro ao sair, citando correntes liberais.

 

Ele contou que os dois conversaram "muitas amenidades", opinou que Milei terá que tomar medidas rápidas e pontuou que "o número de delegações que ele vai receber no domingo é muito grande e é um sinal de que a Argentina é um país muito importante para o mundo".

 

Também elogiou a nova equipe de Milei e chamou Patricia Bullrich, sua ex-rival e nova ministra da Segurança, de "equilibrada" ela participou do encontro. "A equipe dele está sendo formada muito parecido como nós formamos a nossa no Brasil, e não dá nem para comparar com a equipe do turista que é o Lula", declarou.

 

O Palácio do Planalto confirmou nesta semana que Lula não irá à posse e que o representante do governo brasileiro será Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. A avaliação foi de que o presidente poderia se expor, considerando o clima hostil. Questionada, a pasta não informou qual será a agenda do chanceler até o momento.

 

Durante sua andança, Bolsonaro repetiu frases como: "Eu vou convidar o Lula para ser meu ministro do Turismo" e "eu ando pelo Brasil todo e sou muito bem recebido, enquanto o outro cara vive viajando porque não tem clima para andar no Brasil", dizia. "Um popstar", reforçava ao lado Eduardo Bolsonaro, seu filho e deputado federal pelo PL-SP.

 

Também participaram do encontro com Milei o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro Gilson Machado Neto (Turismo). Do lado argentino, estava ainda Giovanni Larosa, assessor de campanha de Milei que fez o vínculo com a caravana de congressistas brasileiros que viajaram às eleições e à posse.

 

Questionado sobre o grupo que está em Buenos Aires, Bolsonaro afirmou que "não é uma delegação". "Aqui eu tenho quase 20 parlamentares, que nos acompanharam por querer o bem da Argentina e por querer que a Argentina cresça, porque é bom termos bons vizinhos", disse.

 

 

Mais cedo, o ex-presidente deu uma entrevista ao jornalista argentino Eduardo Feinmann na rádio Mitre, do grupo Clarín. Ele alfinetou bancos e sindicatos brasileiros, voltou a criticar as urnas eletrônicas no Brasil e fez um raro elogio ao ditador venezuelano Nicolás Maduro pelos votos impressos no plebiscito sobre a anexação de Essequibo, parte do território da Guiana.