Terminada a votação da reforma tributária, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco, começaram a traçar os planos para 2024, último ano de ambos no comando do Parlamento. Eles têm projetos ambiciosos. Além do fim da reeleição e mandato de cinco anos para presidente da República, governadores e prefeitos, planejam levar adiante a reforma administrativa. E tem um grupo no Senado querendo que Pacheco paute mandatos para ministros do Supremo Tribunal Federal.
Apesar das eleições municipais, aliados dos presidentes das duas Casas legislativas acreditam ser possível tocar esses projetos. Afinal, o período eleitoral é de três meses. E, se foi possível aprovar uma proposta importante e polêmica como a tributária com o plenário vazio, o céu é o limite.
Lula surfa na reforma
Ao lançar o projeto habitacional “Copa do Povo” em São Paulo, o presidente Lula mencionou a aprovação da reforma tributária como um “fato histórico” e pediu uma salva de palmas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “por ter coordenado isso”. A turma do PP viu e não gostou. Na verdade, quem garantiu a votação e a aprovação foi... Arthur Lira.
Picuinha
A ideia é promulgar a emenda na semana que vem, porém, tem gente defendendo que não se convide o presidente da República para a solenidade. É que Lula, no papel de presidente da República, colocará a reforma como um mérito de seu governo. O PT, porém, vai ponderar que, na verdade, cada ator deu a sua contribuição. A criança tem vários padrinhos e não dá para deixar ninguém de fora.
O discurso de 2024
Quem se assustou ao ver o presidente Lula chamando Jair Bolsonaro de “facínora” essa semana é melhor “já ir se acostumando”. É que o PT está convencido de que a polarização é o melhor caminho para derrotar o bolsonarismo país afora nas eleições municipais.
Imagem é tudo
O partido não descarta inclusive usar os vídeos de 8 e janeiro na propaganda eleitoral, para mostrar que o bolsonarismo engendrou um golpe, porém não obteve apoio para a empreitada. Aliás, essas gravações serão muito bem cuidadas para refrescar a memória de todos os atores eleitorais daqui por diante. Paralelamente à polarização e aos atos de 8 de janeiro, os petistas estão montando um portfolio dos projetos retomados pelo governo e os números de contratações de obras sociais.
CURTIDAS
A foto da tributária/ No final da sessão, o registro da comemoração à mesa diretoria da Câmara mostra os integrantes dos partidos do Centrão. Dos partidos de esquerda, só o deputado Reginaldo Lopes, do PT, que coordenou o grupo de trabalho da reforma tributária na Câmara. A promulgação da emenda será o último ato legislativo deste ano.
Por falar em Centrão.../ Republicanos, União Brasil e PP voltam a conversar sobre uma federação. Quem olha para esse tema com um certo ar de “menos dois” para disputar espaço é o MDB, de olho na filiação de quem ficar insatisfeito com o conglomerado.
Agora pode ser tarde.../ Quem conhece Marta Suplicy acredita que ela não tem como deixar a secretaria de Ricardo Nunes para entrar na chapa de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo sem sofrer um desgaste. Afinal, quando Marta quis alçar voos mais altos, foi preterida pelo PT.
…mas não impossível/ Os petistas não concordam. Dizem que, depois que o ex-tucano Geraldo Alckmin virou vice de Lula, a volta de Marta ao PT não seria o fim do mundo.
Cuidado com o “nunca”/ No mesmo discurso em que citou a reforma tributária como “fato histórico” e “coordenado por Haddad” neste fim de semana, em São Paulo, Lula disse que “nunca” teve apartamento com varanda. As fotos do edifício dele, em São Bernardo, mostram o contrário.