
Membros do governo Lula pedem responsabilização de redes após morte de jovem
Suicídio de jovem de 22 anos após veiculação de desinformação nas redes sociais virou pauta política nos últimos dois dias
compartilhe
Siga noMinistros do governo Lula (PT) defenderam neste domingo (24) a responsabilização de redes sociais por causa da propagação de notícias falsas.
A opinião de representantes do Executivo ocorre após a morte de Jéssica Canedo, 22, na sexta-feira (22). A estudante mineira cometeu suicídio após ter o nome envolvido em conversas falsas com o humorista Whindersson Nunes. De acordo com o conteúdo, os dois teriam um relacionamento.
23/12/2023 - 09:12 Lula vai passar o Natal com a família em Brasília 23/12/2023 - 18:26 Discurso natalino de Lula vai defender 'virar a página do ódio' 23/12/2023 - 00:00 Lula nomeia Vera Lúcia como ministra substituta do TSE
"Tragédias como esta envolve questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção, questões de natureza política", afirmou, em uma rede social, o ministro Sílvio Almeida, titular da pasta de Direitos Humanos e da Cidadania.
"A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na politica institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável."
Almeida afirmou ainda que a regulação das redes sociais torna-se "um imperativo civilizatório" e que não implementá-la seria uma "aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento".
Perfis de fofocas compartilharam prints falsos de uma troca de mensagens entre Jéssica e Whindersson no Instagram, da empresa Meta. Uma delas fazia referência a um suposto pedido de encontro pessoal.
Os dois negaram a autenticidade do conteúdo e afirmaram que nem sequer se conheciam. Apesar disso, o conteúdo continuou circulando nas redes sociais.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também se manifestou nas redes sociais sobre o episódio. Ela condenou "perfis nas redes sociais que lucram com a misoginia e disseminação de mentiras" e cobrou a responsabilização das plataformas.
"É inadmissível que o conteúdo mentiroso contra Jéssica, que fez crescer uma campanha de difamação contra a jovem, não tenha sido retirado do ar nem pelo dono da página nem pela plataforma X ao longo de quase uma semana, mesmo depois dos apelos da própria Jéssica e de sua mãe", afirmou Cida.
Leia mais: Após morte de jovem, ‘Choquei’ diz não incitar ódio à mineira e desagrada web
Em nota, a produtora que gerencia a carreira de Whindersson Nunes divulgou o posicionamento do artista sobre "a dimensão catastrófica de uma história inventada a partir de uma fake news".
"Whindersson Nunes foi surpreendido com a triste notícia do falecimento da jovem Jéssica. Perplexo com o desencadeamento desse novo massacre público proporcionado pelo uso negativo das redes sociais, o artista lamenta: 'Estou extremamente triste. Voltei ao dia em que perdi meu filho. Que ninguém passe pela dor de enterrar um filho'", disse o comunicado.
"A Nonstop Produções S.A. e Whindersson Nunes lamentam profundamente o ocorrido e prestam solidariedade à família da jovem Jessica, bem como repudiam, veementemente, o linchamento virtual e o uso nocivo das redes sociais."
Relator de um projeto de lei que prevê a criminalização da divulgação em larga escala de notícias falsas, Orlando Silva (PC do B-SP) afirmou que o caso da jovem é um episódio resultante da "cultura irresponsável e repugnante da 'lacração'". O texto tramita na Câmara dos Deputados.
"É preciso enfrentar esse estado de coisas, que remunera perfis e plataformas por mentiras que causam danos. As responsabilidades precisam ser apuradas e os autores, identificados e punidos. Não é um debate de esquerda ou de direita, é da civilização!", disse Silva, em uma rede social.
Após ter aprovada a tramitação em regime de urgência, o projeto de lei das Fake News perdeu fôlego e está paralisado em um impasse entre o setor artístico e empresas de radiodifusão, o que tirou o tema do radar de votações da Câmara dos Deputados.
A divisão e a polêmica em torno do projeto levaram os parlamentares a fatiá-lo na expectativa de facilitar a aprovação, mas a estratégia não vingou e segue sem previsão de votação.