Até pouco tempo atrás, os eleitores e os políticos mandavam na política. Quem manda, agora, e é dono dela são os presidentes de partidos políticos. Seis deles são os mais poderosos: Gleisi Hoffman (PT), Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD), Baleia Rossi (MDB), Luciano Bivar (União) e Ciro Nogueira (PP). Eles decidem quem será o candidato a quaisquer cargos e definem quem irá receber mais dinheiro (financiamento das campanhas).

Ao lado de gastos abusivos, como compra de aeronaves, mansões, entre outros, eles apontam ainda quais contas pagarão. Tem marqueteiro político, por exemplo, que já está trabalhando no modo pré-pago para evitar calotes de contratos anteriores.

Além da assinatura que decide os candidatos e os gastos, eles ainda detêm o controle total do partido nos estados e municípios. Em vez de diretórios, mantêm o funcionamento só de comissões provisórias, que podem ser destituídas num estalar de dedos. Se o rumo das decisões não acompanhar a orientação dos presidentes, eles, simplesmente, dissolvem a comissão e indicam outros para comandá-la. Não adianta reclamar nem buscar o Judiciário.

Fora do jogo e sem time

Com potencial para ser cabo eleitoral nas eleições do ano que vem, o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD) quer colocar em teste sua influência ao desafiar a lógica da política. Numa manifestação ilógica, divulgou que pensa em lançar seu ex-secretário de saúde Jackson Machado como pré-candidato a prefeito de BH em 2024. Ilógica 1- Kalil é filiado ao PSD, que tem um candidato natural, ou seja, o prefeito Fuad Noman, que quer a reeleição. Segundo, Fuad chegou lá como vice dele; será que brigaram? Terceiro, lança um médico que sequer está filiado a um partido. Se der certo, o ex-prefeito ficaria infiel a seu partido para apoiar o nome de outra legenda. Tudo somado, Kalil está sem lugar na polarização que ainda sustenta as disputas e, pior, é um político sem um time. Ex-presidente campeão do Atlético, o ex-prefeito deveria saber disso.

Perdi e quero outra eleição

O vice-presidente da Câmara de BH, Juliano Lopes (Agir), aceitou novo pedido de cassação contra o presidente Gabriel Azevedo (sem partido), ao prever derrota na votação de hoje. Será uma espécie de 2ª eleição, de recontagem de votos por quem não se conforma com o resultado. O próprio aliado dele, Marcelo Aro (secretário de Zema) reconheceu a derrota ao afirmar que Gabriel tem 13 vereadores, número que o salva. Ao final, todos saem perdendo, Aro e Lopes não terão mais o comando da Câmara como pactuaram com Gabriel e este, que veio da ‘nova política’, teve que se aliar à velha para vencer.

Semana decisiva para a dívida

Apesar da hesitação e insinuações do governador Zema, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), deu sinais de que não está de brincadeira. Divulgou reunião para esta semana, em Brasília, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Com Zema ou sem ele, darão passos importantes. Antes, Pacheco mandou recados, contrapondo falas de Zema, nas quais havia colocado em dúvida as reais intenções do senador e do próprio governo federal do qual não gosta. “Eleição já passou faz tempo. Vamos trabalhar”, disse Pacheco, comparando a manifestação a “prosa ruim de divisão” e “receita para o insucesso”.

Orçamento entra na pauta

Nessa semana de definição, o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), decidiu agilizar a votação do Orçamento do Estado para 2024. Na terça (5), em reunião extraordinária, a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária deve dar seu parecer, deixando o projeto pronto para ser votado no dia seguinte. Pelo regimento, uma vez votado o orçamento, a Assembleia estaria em condições de encerrar os trabalhos deste ano, liberando os deputados para as férias de fim de ano. Com isso, o projeto de adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal não seria votado. Tadeu deve estar confiante de que a definição da dívida de Minas será resolvida, nesta semana, em Brasília, dispensando a votação da matéria.

Amagis desagrava ministro do STF

O constrangedor ataque do presidente da OAB/MG, Sérgio Leonardo, ao presidente do STF e convidado de honra, Roberto Barroso, no dia (27), em BH, na conferência nacional da Advocacia, foi mais estratégico do que um protesto. Ao saber que cerca de mil advogados fariam ato contra o Supremo, o dirigente chamou para si a briga e neutralizou a manifestação que havia deixado em alerta a segurança do ministro e de outras autoridades. Ainda assim, se excedeu na dose, deixando repercussão negativa para a entidade. O presidente da Associação dos Magistrados Mineiros, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, por exemplo, divulgou carta aberta em desagravo ao ministro. “Desprezando a elegância do tratamento e o respeito à dignidade das pessoas, para não falar das formalidades de costume, a fala do nobre anfitrião serve de incentivo à quebra da liturgia e de respeito aos cargos e instituições, o que pode trazer uma difícil retomada de tolerância, tão necessária, nesses tempos que vivemos e que vem sendo a pregação de V. Exa.”, pontuou o magistrado.

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