O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) tomou a iniciativa de ocupar o supermercado Carrefour, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, como forma de manifestação contra a fome e a miséria. A manifestação acontece na manhã deste sábado (9/12).
Essa ação ocorre em todo o Brasil simultaneamente e é descrita como uma "luta por um Natal sem fome e miséria". De acordo com os organizadores, toneladas de comida são desperdiçadas diariamente, enquanto famílias buscam restos nos resíduos.
O grupo expressa suas reivindicações por meio de palavras de ordem no local. "Atualmente, cerca de 21 milhões de brasileiros passam fome, enquanto outros 70 milhões não têm garantia do que vão comer no dia seguinte. O aumento abusivo do preço dos alimentos e dos produtos básicos não foi acompanhado pelo reajuste do salário mínimo. Por isso, acreditamos na necessidade de uma luta coletiva para garantir que as famílias trabalhadoras, que constroem tudo, também tenham o direito a uma alimentação digna e um Natal digno", afirmam em comunicado.
A escolha específica do supermercado não foi aleatória para os organizadores. De acordo com membros do MLB, a empresa é responsável por casos de racismo, homofobia, agressão, violência moral e humilhação, inclusive homicídios.
"O Carrefour não faz questão de esconder isso. São inúmeros os processos judiciais enfrentados pelo Carrefour, que vão desde racismo e homofobia até agressões, violência moral, humilhação e homicídios. Enquanto negam um simples prato de arroz às famílias pobres, financiam suprimentos para soldados israelenses que contribuem para a morte de milhares de crianças palestinas", destacam no texto.
Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19 no Brasil (Vigisan) do ano passado (2022), cerca de 8,2% da população em Minas Gerais enfrenta a fome. O estudo também revela que os índices de insegurança alimentar leve, relacionados à preocupação com a falta de alimentos no futuro próximo, e de insegurança alimentar moderada, ligada ao acesso a quantidades insuficientes de comida, são superiores à média nacional no estado.
Em Minas, 28,3% da população, quase 6 milhões de pessoas, vivem com a preocupação da falta de alimentos no futuro próximo, enquanto 3,4 milhões, representando 16% da população, não têm acesso a quantidades suficientes de comida, segundo a mesma pesquisa.