Alexandre de Moraes revelou que um dos planos dos golpistas era prendê-lo e enforcá-lo após o golpe -  (crédito: Antonio Augusto/Secom/TSE)

Alexandre de Moraes revelou que um dos planos dos golpistas era prendê-lo e enforcá-lo após o golpe

crédito: Antonio Augusto/Secom/TSE

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que um dos planos dos golpistas que invadiram a sede dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, era prendê-lo e enforcá-lo na Praça dos Três Poderes, onde fica o Congresso Nacional, a Suprema Corte e o Palácio do Planalto. Após quase um ano dos golpistas, o ministro, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirma que também havia outros dois planos contra ele.

"O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio", disse o ministro em entrevista ao jornal O Globo.

"O terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição", completou.

De acordo com o ministro, havia um quarto plano, que é investigado. Moraes ainda conta que já "esperava" algo parecido do plano dos golpistas e afirma que manteve a tranquilidade. "Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido".

O ministro ainda diz que a sua segurança é a mesma desde que ele assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 2014. No entanto, o magistrado fortaleceu a segurança de sua família. "Eu já recebia ameaças da criminalidade organizada (quando era secretário de segurança pública). O esquema é o mesmo há quase nove anos. Chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente", disse.

Prisão dos golpistas

Para Alexandre de Moraes, a falta de detenção dos invasores da sede dos Três Poderes e das pessoas presentes em frente aos quartéis generais no dia seguinte aos atos golpistas (9 de janeiro) poderia provocar mais violência, incluindo possíveis mortes e "distúrbios civis em todo o país". 

Moraes avalia que foi um "grande erro das autoridades" deixar que os manifestantes permanecessem em frente aos quartéis generais. "Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe, afastaria qualquer governador que aderisse e prenderia os comandantes de eventuais forças públicas que aderissem, poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país."

Revelando detalhes sobre as investigações, Moraes afirma que o plano golpista era invadir o Congresso Nacional até que houvesse uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para que o Exército fosse retirar os golpistas. Com isso, o plano seria convencer o Exército a aderir ao golpe.

"Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados", detalha.

Críticas às prisões

Durante todo o ano, a prisão dos golpistas foi fortemente criticada por bolsonaristas. O ministro do STF diz que não se importa com as "críticas destrutivas" e ressalta que a "Justiça tem que ser igual para todos".

"Nunca vi alguém preso achar que a sua prisão é justa. Analiso as críticas construtivas, mas ignoro as destrutivas. Nenhum desses golpistas defende que alguém que furtou um notebook não possa ser preso. E eles, que atentaram contra a democracia, não podem? Os presos são de classe média, principalmente do interior, e acham que a prisão é só para os pobres".

Ele também rebate as críticas às penas dos primeiros condenados pelo 8 de janeiro, que, na visão de alguns juristas, foram altas.

"Quem faz a pena não é o Supremo Tribunal Federal, é o legislador. O Congresso aprovou uma legislação substituindo a Lei de Segurança Nacional exatamente para impedir qualquer tentativa de golpe. Se as penas máximas fossem aplicadas em todos os cinco crimes, pegariam mais de 50 anos, mas pegaram 17 (no máximo). Se não quisessem ser condenados, não praticassem nenhum crime".