O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (5/1), que havia um "pacto" entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, a Polícia do Distrito Federal e a Polícia do Exército durante os ataques ocorridos em Brasília em 12 de dezembro de 2022. A entrevista foi concedida ao jornal O Globo.
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"Tinha havido aquela atuação canalha que envolveu inclusive gente de Brasília, quando tacaram fogo em ônibus no dia em que fui diplomado. Eu estava no hotel assistindo a eles queimando ônibus e carros, e a polícia acompanhando sem fazer nada. Havia na verdade um pacto entre o ex-presidente da República (Jair Bolsonaro), o governador de Brasília (Ibaneis Rocha) e a polícia, tanto a do Exército quanto a do DF (Distrito Federal). Isso havia, inclusive, com policiais federais participando. Ou seja, aquilo não poderia acontecer se o Estado não quisesse que acontecesse", apontou ao comentar o contexto dos ataques de dezembro e de 8 de janeiro.
"Nós precisamos levar muito a sério o significado da palavra 'democracia'. Democracia é o direito de a gente divergir, discordar, falar o que quer, desde que respeite os direitos dos outros e as instituições que nós criamos para garantir a própria democracia", emendou.
A reportagem tentou contato com a assessoria do governador Ibaneis Rocha, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O chefe do Executivo local está de férias em Miami, ao lado da esposa, a primeira-dama Mayara Noronha, e dos filhos.
Em 12 de dezembro de 2022, carros foram queimados, e, no rastro de destruição, um ônibus quase foi jogado de um viaduto na pista que passava abaixo. Os bolsonaristas marchavam rumo à sede da Polícia Federal (PF) e foram contidos somente depois de deixar um rastro de destruição.
Na próxima segunda-feira (8/1), o presidente participará de um ato para relembrar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília, quando as sedes dos Três Poderes foram vandalizadas por milhares de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas, dois meses antes.
O evento reunirá no Salão Negro do Senado os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e do Supremo, Luís Roberto Barroso, além de ministros de Estado.