O presidente Lula (PT) convidou o ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski para uma reunião na manhã desta segunda-feira (8), alimentando, entre aliados do petista, a expectativa de que seja o escolhido para a sucessão de Flávio Dino no Ministério da Justiça.
Ainda segundo aliados de Lula, o presidente pretende decidir o novo titular já nesta semana. A expectativa de integrantes do Palácio do Palácio é que o sucessor de Dino seja anunciado até esta terça-feira (9).
Lewandowski chegou a Brasília na noite deste domingo (7) para participar da solenidade em memória do 8 de janeiro, quando, há um ano, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
O nome do ex-ministro do Supremo sempre esteve entre os favoritos para o Ministério da Justiça, especialmente depois de Lula desistir da ideia de nomear uma mulher para a vaga.
Segundo amigos, a sua família vinha oferecendo resistências, uma vez que o ministro aposentado hoje se dedica à iniciativa privada.
No entanto, admitem que o ex-ministro dificilmente recusaria um convite de Lula, de quem é amigo.
No fim de dezembro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, chegou a descartar o nome do ex-ministro do STF para a função.
O senador sinalizou que o presidente ainda não havia decidido quem escolheria, mas disse saber quem não seria ministro: Lewandowski, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, além dele próprio.
"Eu posso dizer quem eu conheço que não será [ministro]: nem o Lewandowski, nem o Jaques Wagner, nem a Gleisi", disse o senador, horas depois de o Senado chancelar a escolha de Dino para o STF.
A afirmação fez com que pessoas próximas ao presidente passassem a apostar em Wellington, que tem o apoio de Wagner. Segundo elas, Lula desistiu da ideia original de nomear uma mulher para o Ministério da Justiça e tem acenado com a possibilidade de optar por uma solução caseira para a substituição de Dino.
Aliados de Lula afirmam que o presidente tem repetido que não abre mão de ter um nome de sua confiança à frente da Justiça.
Integrantes do Palácio têm ressaltado o perfil de Lewandowski como o de um homem com estatura técnica e política para assumir a tarefa.
A sucessão do Ministério da Justiça sempre foi tratada como uma questão difícil pelo entorno do presidente. Desde quando ele ainda ponderava sobre qual nome indicar para a vaga de Rosa Weber no STF (Supremo Tribunal Federal).
Um dos empecilhos para indicar Flávio Dino seria justamente a dificuldade de encontrar um nome forte para a pasta, diziam aliados. Ainda assim, Lula nomeou o ministro para o STF no final de novembro.
Publicamente, o mandatário tem optado pelo silêncio e tratou o tema com aliados sob discrição. A disputa ficou ainda mais acirrada após a aprovação do nome de Dino no Congresso e, dias depois, o presidente disse em sua live semanal que o ministro ficaria à frente da pasta até o ato desta segunda.
"Ele vai ficar como ministro até dia 8 [de janeiro], porque nós estamos convidando para um ato para lembrar a tentativa de golpe dia 8 de janeiro", afirmou, sem entrar em detalhes sobre a sucessão.
Outros nomes também foram ventilados para comandar o ministério, como o secretário-executivo Ricardo Cappelli, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, e o subchefe de assuntos jurídicos da Presidência, Wellington César Lima e Silva.
O PSB, partido de Dino e do vice-presidente Geraldo Alckmin, busca manter secretarias na pasta ou até mesmo a criação do Ministério de Segurança Pública, sob o comando de um indicado do partido (o nome mais forte, neste caso, seria Capelli).
Coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho disse que, se confirmado um convite a Lewandowski, ele terá o apoio do grupo. Carvalho diz que o ex-ministro do STF reúne todas as condições para assumir a função.