O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD–MG), negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteja interferindo para indicar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para comandar a mineradora Vale. Em entrevista, nesta sexta-feira (26/1), Silveira disse que Lula “nunca se disporia” a fazer interferência em empresas de capital aberto.
“Todos conhecem muito bem o perfil do presidente Lula. O presidente nunca se disporia a fazer uma interferência direta numa empresa de capital aberto, listada em bolsa, uma corporation, que tem sua governança e sua natureza jurídica que devem ser preservadas. Até porque o Brasil é um país que respeita contrato, um país que tem regulação estável. Nós temos dito isso o tempo todo", disse.
O nome de Mantega havia sido ventilado, uma vez que a sucessão do atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, deve ser pautada na reunião do Conselho de Administração da empresa na próxima semana. A possibilidade teria repercutido mal entre os investidores da mineradora.
Silveira disse que ele e Lula foram “extremamente injustiçados” com a informação divulgada de que o governo pressionava pela indicação de Guido Mantega. O ministro também negou que tenha feito referência às indicações do governo a qualquer vaga na Vale, em conversas com conselheiros independentes da mineradora e com a própria diretoria.
O ministro ainda afirmou que conversou com Lula sobre o setor de mineração, mas com o petista cobrando mais celeridade no pagamento de indenizações às vítimas dos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho. Em nenhum momento a sucessão da Vale teria sido tratada na conversa.
Presidente do PT saiu em defesa de Mantega
Nessa quinta-feira (25/1), a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, elogiou o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma. Segundo a petista, Mantega é um dos brasileiros mais injustiçados da época e listou uma série de conquistas da economia do país enquanto ele chefiava a política econômica dos governos do PT.
“Pouquíssimos brasileiros são tão qualificados quanto Guido Mantega para compor o Conselho da Vale, uma empresa estratégica para o país e na qual o governo tem participação e responsabilidades, mesmo depois de sua privatização danosa ao patrimônio público. É qualificado para esta ou qualquer outra missão importante, que exija capacidade e compromisso com o país”, disse.