Com o Legislativo ainda em recesso, o despertar do ano de eleições municipais é que tem movimentado os partidos neste primeiro mês de 2024. Tida como um microcosmos do cenário eleitoral do país, Minas Gerais tem seu mapa repartido nas mesas de planejamento das principais legendas que entram na corrida pelas 853 prefeituras do estado. Em 2020, o MDB foi o partido que mais conseguiu prefeituras no país. E não foi diferente em Minas. A legenda conquistou 100 cidades mineiras, seguida por DEM e PSDB, com 86 e 85 sucessos eleitorais para o Executivo, respectivamente. Entre as legendas que conseguiram mais de 20 vitórias, o PSD venceu em 78 municípios; o PP em 67; Avante em 50; PSB em 47; PL e Republicanos em 41; PTB em 38; PDT em 35; PT em 28; Cidadania em 25; Patriota em 28; e Solidariedade em 22.
O PSD pretende ampliar seu poder para se tornar o líder nas prefeituras em Minas. De acordo com o presidente do diretório mineiro da legenda, o deputado estadual Cássio Soares, o objetivo é conseguir 200 municípios no pleito que ocorre no próximo mês de outubro. O partido já começou a se movimentar para atingir o número alto antes mesmo dos cidadãos irem às urnas. Nesta semana, Jussara Menicucci, prefeita de Lavras, no Sul do estado, se filiou e rendeu ao PSD a 98ª cidade mineira, 20 a mais do que as conquistadas em 2020.
Neste mês, Soares já se reuniu com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O encontro com o cacique da legenda e ex-prefeito de São Paulo teve como uma das pautas as estratégias eleitorais para o ano. À reportagem, o deputado estadual disse que, além das duas centenas de cidades ao redor do estado, o partido quer seguir à frente da capital, hoje sob comando de Fuad Noman, que ainda não confirmou a tentativa de reeleição.
“Todo partido busca um crescimento, uma representatividade considerável. O presidente Kassab aposta muito em Minas Gerais e tem nos dado toda a liberdade de atuar juntamente com as lideranças mineiras de Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) e Alexandre Silveira (ministro de Minas e Energia). Além das 200 prefeituras, temos o foco também de manter a capital com Fuad. Ele está fazendo um bom mandato, uma gestão aprovada pela população. Temos um indicativo muito forte de que ele seguirá no cargo. Agora, ele está focado na prestação de serviço para a cidade, você vê os problemas recentes com enchentes, por exemplo, mas no momento adequado ele vai tratar sobre a questão eleitoral”, disse o presidente do PSD em Minas.
Em declínio na representatividade pelo país, o PSDB quer manter-se no topo quando o tema é prefeituras conquistadas. Tanto no país como em Minas, os tucanos ficaram na quarta colocação entre os que mais conseguiram vitórias eleitorais para o Executivo em 2020. Segundo o presidente do partido no estado, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, não há uma estratégia geral para os pleitos deste ano e a legenda deve pensar em um planejamento caso a caso. “Hoje temos muitos partidos e a divisão das cidades deve ficar mais espalhada, mas nosso foco é continuar no topo do estado. Não tem um perfil específico de cidade no nosso foco, estamos em prefeituras pequenas, médias e grandes e cada uma delas tem sua particularidade”.
ECOS DE 2022
O PT saiu de 39 prefeituras mineiras vencidas em 2016 para 28 em 2020. Segundo o presidente do partido em Minas, o deputado estadual Cristiano Silveira, ainda não foram estabelecidos objetivos para o número de municípios a conquistar neste ano, mas ele destaca que, tão importante quanto a quantidade de cidades é a qualidade delas. Um dos focos do partido é seguir no comando de duas das cidades mais populosas do estado: Juiz de Fora, na Zona da Mata, com seus 573 mil habitantes governados por Margarida Salomão; e Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com 668 mil pessoas sob a prefeitura de Marília Campos.
Segundo o presidente do PT mineiro, outro pilar da estratégia para 2024 é se fazer presente mesmo onde não há um candidato à cabeça de chapa. A ideia é apoiar nomes do campo da esquerda e evitar vitórias de grupos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nas cidades em que o PT não tem candidato viável, vamos tentar compor com os nomes progressistas e fortalecer esses atores. O PT está organizado em mais de 700 municípios de Minas, queremos ter candidatos ou vices ou tentar alinhar com nomes que possam deter o bolsonarismo”.
Do outro lado, o PL pretende utilizar a imagem do ex-presidente para fortalecer-se no papel de maior antagonista do petismo e fortalecer a base para as eleições de 2026. Mesmo com Bolsonaro inelegível, os planos do partido incluem sua presença no estado durante as campanhas, como disse ao EM o deputado federal Domingos Sávio, presidente da legenda. “Vamos trabalhar muito, estamos procurando estruturar ou apoiar as candidaturas onde o partido já tem estrutura. O PL é hoje o principal partido de oposição ao PT, de oposição à esquerda que comanda o Brasil. Bolsonaro já veio ao estado, inclusive, na minha posse como presidente do partido, queremos ele bem atuante nas campanhas”, declarou.