O percentual da população brasileira que desaprova os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, caiu de 94% para 89%, entre fevereiro e dezembro, conforme mostra a nova pesquisa Genial/Quaest. A diferença de 5 pontos percentuais é superior à margem de erro, estimada em 2,2 pontos. Já o total de brasileiros que aprovam as invasões oscilou para cima, passando de 4% para 6%, assim como os eleitores que não souberam ou não quiseram responder, que eram 2% e agora são 4%. Ao todo, foram ouvidos 2.012 brasileiros, de 120 municípios do país, entre 14 e 18 de dezembro.


O levantamento também mostra uma queda na quantidade de brasileiros que atribui ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) algum tipo de influência pelos atos, com redução de 51% para 47%. Já os que não acreditam na possibilidade subiu de 38% para 43%. Outros 10% não souberam ou não quiseram opinar.
Em outra pergunta feita pela Genial/Quaest, 51% dos eleitores ouvidos disseram que as pessoas que invadiram a capital federal há uma no são radicais e não representam os eleitores de Bolsonaro. Por outro lado, 37% acreditam que os manifestantes simbolizam o ex-presidente e 13% não responderam ou não souberam opinar.


A Pesquisa Genial/Quaest definiu a amostragem com base em três critérios: sorteio dos municípios por meio do método de Probabilidade Proporcional ao Tamanho (PPT), sorteio de setores censitários a partir do tamanho da população por setor e definição do número fixo de habitantes a ser entrevistado, segundo as cotas de região, sexo, faixa etária, grau de instrução, renda familiar e População Economicamente Ativa (PEA).




“Na pós-estratificação usamos um algoritmo interativo de calibração, Rake, para todos os parâmetros que divergiram mais de 1% em relação aos dados de referência do registro da pesquisa. Complementarmente, usamos modelo de MRP para estimativas de subgrupos da população”, explicou o levantamento.


Em 8 de janeiro de 2023, uma semana depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiadores de Bolsonaro, candidato derrotado na eleição de outubro de 2022, invadiram a Suprema Corte, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto inconformados com o resultado das urnas eletrônicas, que levou o petista pela terceira vez à chefia do Executivo nacional.

Os atos foram marcados pela negligência das forças de segurança do Distrito Federal, que não apresentaram resistência à entrada dos vândalos nos prédios públicos. As reações seguintes, no entanto, tiveram outra característica.

Entre 8 e 9 de janeiro, 1.170 pessoas foram detidas por participação no movimento. Um ano depois, 66 delas seguem presas, sendo 30 já condenadas. O Ministério Público apresentou um total de 1.354 denúncias relacionadas aos ataques contra a Democracia brasileira.


Na última sexta-feira, o ministro da Defesa, José Múcio, disse que embora houvesse vontade de uma ruptura institucional no país, "não havia liderança" nesses atos antidemocráticos. “Podia ser até que algumas pessoas da instituição quisessem, mas as Forças Armadas não queriam um golpe. É a história de um jogador indisciplinado em uma equipe de futebol: ele sai, a equipe continua”, disse o ministro.


Múcio também afirmou que é fundamental identificar e punir os envolvidos nos atos golpistas. "No final, me parecia que havia vontades, mas ninguém materializava porque não havia uma liderança. Você pode dizer: 'No governo anterior havia pessoas que desejavam o golpe', mas não havia um líder que dissesse assim: 'Nós queremos, eu sou o chefe, vamos'. Não existe revolução sem um chefe", declarou.

Senado

O Senado realiza amanhã, na capital federal, o evento “Democracia Inabalada”, para recordar o dia em que as sedes dos três Poderes foram destruídas pelos manifestantes golpistas. O evento é nomeado a partir da campanha lançada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois dos atos terroristas. São esperados cerca de 500 convidados.


A lista de convidados conta com a interferência do Palácio do Planalto. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além dos ministros do STF e outras autoridades. O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), também confirmou presença.

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