Setores do PT e lideranças de movimentos sociais aproveitam o desgaste que envolve o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, e fazem gestão junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para levar de volta ao Palácio do Planalto um antigo auxiliar e de sua confiança. Esses segmentos querem a volta de Gilberto Carvalho, que foi chefe de Gabinete de Lula por oito anos, nos dois primeiros mandatos do petista (2003 a 2010).

Carvalho comandou também a Secretaria-Geral da Presidência no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (2011 a 2014). Hoje, ele ocupa a Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho, comandada pelo petista Luiz Marinho.

Um dos fundadores do PT, Carvalho atuou nas campanhas de Lula, como na de 2022. Ele é uma referência dentro do partido e tem importante interlocução com os movimentos sociais, função que cabe no governo à Secretaria-Geral da Presidência. É tido como dos poucos petistas de maior proximidade com Lula e, no período que esteve a seu lado, tinha acesso diário e conversas frequentes com o presidente.



Macêdo está tendo que dar explicações sobre viagem de três assessores a uma festa de pré-carnaval que ocorreu em Aracaju, seu reduto eleitoral. Os servidores viajaram com recursos pagos pelo erário. Anteontem, o ministro veio a público anunciar que o caso está sendo apurado e que os colaboradores ressarciram os cofres públicos. O próprio ministro foi ao Pré-Caju, disse que bancou suas despesas e que tratou-se de um evento no final de semana, fora do expediente.

Investigação

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu, na quarta-feira, que a área técnica investigue a viagem do ministro e seus assessores, e apure possível desvio de finalidade do recurso público. A iniciativa é do subprocurador Lucas Furtado, representante do MP no TCU. Na representação, ele chega a se referir que a viagem do grupo foi para curtir o pré-carnaval na capital sergipana.

Na peça, o subprocurador cita, também, as informações veiculadas de que a ex-secretária-executiva da pasta, Maria Fernanda Coelho, pediu demissão do cargo após recusar-se a assinar a liberação de recursos para a compra das passagens. E elogia a atitude da gestora.

"A ocorrência acima noticiada, ao tempo em que me leva louvar a atitude da Sra. Maria Fernanda — que agiu em conformidade com o interesse público, ao se negar a autorizar o uso de verbas públicas para atender a interesses privados dos foliões da Secretaria-Geral da Presidência da República — demonstra também a lastimável apropriação do público pelo privado, perpetrada por agente público, do qual seria requerida conduta diametralmente oposta", frisa a representação.

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