A ex-prefeita Marta Suplicy recebeu para almoço neste sábado (13/1) o pré-candidato a prefeito Guilherme Boulos (PSOL), de quem deverá ser vice, após uma articulação do presidente Lula (PT) para que ela deixasse a gestão Ricardo Nunes (MDB) e voltasse ao PT depois de nove anos.

Boulos chegou à residência de Marta por volta das 13h50. A ex-prefeita e o marido, o empresário Márcio Toledo, que atua como seu articulador político, organizaram o encontro no apartamento deles, nos Jardins, região nobre da capital, e foram recebê-lo na entrada do prédio.

O candidato do PSOL foi com a esposa, Natalia Szermeta, que também atua no partido e no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).



Mais tarde, ele deve ser encontrar também com o deputado Eduardo Suplicy, ex-marido de Marta e que defendeu prévias no PT para a escolha do vice na chapa.

A aliança Boulos-Marta é inspirada no arranjo que levou o então adversário histórico Geraldo Alckmin (PSB) a ser vice de Lula na eleição de 2022, em uma estratégia para sinalizar pacificação e construir a imagem de frente ampla que venceria o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O almoço foi marcado para aproximar Marta e Boulos, que estiveram em lados opostos nos últimos anos. Após se filiar ao MDB, em 2015, ela votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em 2020, já sem filiação partidária, apoiou Bruno Covas (PSDB), que derrotou o psolista no segundo turno na capital.

Símbolo do pragmatismo de Lula e da esquerda na eleição em São Paulo, a chapa Boulos-Marta é vista como um trunfo para evitar a vitória de um aliado de Bolsonaro --o ex-presidente é considerado por Nunes como apoiador de sua reeleição. Marta, à época no PT, administrou a cidade entre 2001 e 2004.

Para o almoço deste sábado também foi convidado o deputado federal Rui Falcão (SP), que é ex-presidente do PT, mantém interlocução com a ex-prefeita e foi incumbido por Lula de ajudar nas costuras.

A previsão é que a filiação ocorra nas próximas semanas, com uma festividade que deve contar com o próprio Lula. Apesar de estar em São Paulo desde esta sexta-feira (12), o presidente não era esperado para participar do almoço na casa de Marta.

Marta deixou a gestão Nunes, onde era secretária municipal de Relações Internacionais, na última terça-feira (9), um dia após ela se encontrar com o petista no Palácio do Planalto e aceitar o convite para retornar à legenda em que estreou na vida política e militou por 33 anos.

Aliados do prefeito tentam colar na ex-auxiliar a pecha de traidora e minimizam publicamente a perda, apesar do incômodo.

Sob resistências internas à repatriação, o PT caminha para receber de volta a ex-prefeita na sigla, sob o argumento de que ela fortalecerá a chapa com o PSOL. A passagem dela pela prefeitura é exaltada por legados como os CEUs e o Bilhete Único, mas também acumulou desgastes.

É a primeira vez que o PT abre mão de candidatura própria na capital. Pelo acordo com o PSOL, a indicação de vice caberá aos petistas. Lula está empenhado na campanha de Boulos, realizou ato do governo federal na cidade com o aliado e determinou esforço concentrado para impulsioná-lo.

A ideia de convidar Marta para voltar à legenda e ser vice foi revelada pela Folha em novembro.

A ex-prefeita, apesar de ter se distanciado do PT e criticado membros como Fernando Haddad -que chegou a chamar de pior prefeito da história de São Paulo--, nunca rompeu com Lula.

Foi no apartamento dela que aconteceu, em 2021, uma das primeiras reuniões em que se aventou a possibilidade de Alckmin ser vice de Lula. O local foi palco de uma série de encontros políticos nos últimos anos. Lá Simone Tebet (MDB) fechou o apoio ao petista no segundo turno de 2022.

Após o compromisso deste sábado, Boulos tem viagem programada para a China e a França, em continuidade à agenda internacional da pré-campanha. Ao longo de 2023, ele visitou metrópoles em diferentes países para conhecer projetos e experiências que possam ser replicados em São Paulo.

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