O prédio da Biblioteca Central da UFMG, localizado na Pampulha, está temporariamente condenado em sua estrutura física por orientação técnica, inclusive para desativação e transferência de servidores. Rachaduras apareceram na edificação, que guarda verdadeiros tesouros literários. A transferência de milhares de livros para outros locais no campus, a começar pela Faculdade de Letras, se faz necessária para reforço da engenharia nos pilares. O setor denominado "Escritores Mineiros" conserva mobiliário, quadros, fotografias, máquinas de escrever, diplomas, documentos e a biblioteca pessoal de vários autores renomados, dentre os quais Henriqueta Lisboa, Oswaldo França Júnior, Fernando Sabino, José Maria Cançado, Lúcia Machado de Almeida, Carlos Herculano, Frei Beto, Wander Piroli, Autran Dourado, Cyro dos Anjos, Sábato Magaldi, Adão Ventura, Achilles Vivacqua e outros.



O espadachim e fardão de imortal de Abgar Renault, empossado na Academia Brasileira de Letras, assim como os livros encadernados em couro de Murilo Rubião, são preciosidades. Toda essa gente se caracteriza pela alta qualificação cultural, com influências marcantes em várias gerações de mineiros. Apenas 30% deste maravilhoso acervo foi catalogado e disponibilizado para consulta. O rico material literário deveria ficar em exposição ao público em um dos casarões da Praça da Liberdade ou mesmo no antigo prédio da Faculdade de Odontologia, na Cidade Jardim, pois o que não é visto, não é lembrado.


Epílogo

São três as vagas em aberto de cadeiras na Academia Mineira de Letras, devido ao recente falecimento dos imortais Maria José de Queiroz (40), Olavo Celso Romano e (37) Orlando de Oliveira Vaz Filho (34). De tais patronatos se encarregam, respectivamente, os gabaritos de Visconde de Caeté (1766-1838), Manoel Basílio Furtado (1826-1903) e Thomaz Antônio Gonzaga (1744-1810). Ainda pela ordem, são apontados como os próximos ocupantes da prestimosa entidade, nascida no início do século passado, em Juiz de Fora, por inquestionável merecimento, os nomes de Conceição Evaristo, Carlinhos Herculano e Paulo Sérgio Lacerda Beirão. Nada como o prazer inenarrável de iniciar a leitura de um livro por seu final.

 

Periquitinho verde

Não adianta o mundo oficial disputar a paternidade do fabuloso carnaval de Belo Horizonte, que movimenta milhões em gente e dinheiro. O Rei Momo confidenciou a uns poucos amigos, na última semana, que emagreceu quase 15 quilos na correria para evitar autoridades dos governos estadual e municipal. "Estou com o povo", garantiu. Há uns poucos anos ninguém ficava na cidade e ouvia-se ao longe o estridente ruído dos pernilongos. Uma rapaziada propositalmente desavisada insistiu em transformar em praia os chafarizes na Praça da Estação, com direito a biquíni, sunga, cerveja e irreverência. A nova geração de belo-horizontinos brigou então pelo uso democrático do logradouro, o que descambou no carnaval de rua no centro e bairros. Se hoje o som de tamborins, surdos e agogôs ecoam por todos os cantos deve-se o fenômeno às mulheres. E somente a elas, com uma e outra exceção...

 

Simples que satisfaz

Milhares de pessoas circulam todos os dias pelo Mercado Central de BH. Local de convivência e de visita obrigatória na capital mineira. O metro quadrado ali está a custar mais do que em qualquer bairro da nobreza na Zona Sul. Embora com controvérsias, a cidade carece de bonitezas urbanas, restritas a poucos pontos turísticos. Todas as vezes em que alguém cita o Praça da Liberdade, Mercado Central, Lagoa da Pampulha, Mineirão e Parque Municipal como ponto alto das visitações na cidade, uma das máximas do ex-governador Milton Campos, udenista empedernido, vem à tona: "tudo modesto como convém aos mineiros".

 

Consciente

ntegrante do grupo composto por Edgard Amorim, Cássio Gonçalves e Otávio Elísio, já falecidos, identificados com a "esquerda católica", com passagens pela Juventude Operária Católica, Juventude Estudantil Católica e Ação Popular, o ex-deputado Antônio de Faria Lopes transformou em livro de crônicas, intitulado "História que se repete", 30 anos de vida na política brasileira. Ex-presidente do Sindicato dos Bancários de BH, eleito em 1982 para a Assembleia Legislativa, sofreu as agruras do Golpe de 1964. Com tamanha experiência na seara política, ele registrou uma certa decepção e alguma mágoa com os rumos tomados pelo país.

 

Banco digital

Os estabelecimentos bancários, cada vez mais raros, agora ostentam uma placa de "atendimento gerencial" em seus interiores. Maneira elegante de informar que a gerente ou o gerente, aqueles que antes ofereciam cafezinho e davam aval para empréstimos financeiros, inclusive cobriam “borrachudos” por largo conhecimento do cliente, são espécime em extinção. Moças e rapazes agora orientam sobre os trâmites tecnológicos, mas não têm poder de decisão sobre a ausência ou excesso de caraminguás do freguês. Muitas das placas de aluga-se ou vende-se na capital mineira são resultantes do fechamento de agências. No Barro Preto, área de intenso comércio, resistiram apenas os bancos estatais. Os demais caíram fora!

 

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